O protesto convocado pelo movimento Vida Justa exige justiça pela morte de Odair Moniz, o homem que foi baleado mortalmente pela PSP na madrugada de segunda-feira na Cova da Moura.
Milhares de pessoas de diferentes culturas e etnias participaram hoje em Lisboa numa manifestação contra a violência policial e para exigir justiça para Odair Moniz, homem baleado por um agente da PSP, na segunda-feira.
A abrir manifestação, que vai do Marquês de Pombal à Praça dos Restauradores, está uma faixa com a fotografia de Odair Moniz, segurada por familiares e vizinhos, assim como por Cláudia Simões, que acusou um agente da PSP de a agredir, numa paragem de autocarro na Amadora, em 2020.
Preenchem a Avenida da Liberdade várias bandeiras do movimento Vida Justa, que convocou a manifestação, assim como de Cabo Verde (país de origem de Odair Moniz), com os manifestantes a entoar gritos de protesto, sendo a principal palavra de ordem “justiça para o Odair”.
“Somos união, contra a opressão” é um dos lemas mais ouvidos, assim como “futuro presente, Odair sempre” e “governo, escuta, queremos vida justa”.
Ao longo do percurso, é visível a presença policial. O jornalista e comentador Daniel Oliveira, o cantor Dino d’Santiago e as ex-deputadas socialistas Ana Gomes e Helena Roseta são algumas das figuras públicas que estão no protesto.
O vereador comunista em Lisboa João Ferreira também exige uma investigação à conduta da PSP. “É fundamental que o mais rapidamente possível, urgentemente, se apure exatamente o que aconteceu e atribuam responsabilidades. Quanto mais depressa isso acontecer, mais estamos a contribuir para o pronto desanuviar de tensões que existem há muito tempo mas que se têm manifestado de um modo particular na última semana”, afirmou, citado pelo Público.
O líder parlamentar do Bloco de Esquerda, ouvido pelo JN, aponta que há uma “história da violência policial em Portugal” contra os negros e frisa que este grupo demográfico “tem 21 vezes mais probabilidades” de morrer às mãos da polícia. Fabian Figueiro comentou ainda o protesto simultâneo do Chega, acusando a extrema-direita de querer “instrumentalizar a polícia”.
Recorde-se que o movimento Vida Justa organizou esta manifestação para reclamar justiça pela morte de Odair Moniz, que foi baleado por um agente da PSP, estando também convocado para a mesma hora, na cidade, um protesto do Chega “em defesa da polícia”.
Nos últimos dias, a PSP registou na Área Metropolitana de Lisboa mais de 100 ocorrências de distúrbios na via pública e deteve mais de 20 pessoas, registando-se sete feridos, um dos quais com gravidade.
Os tumultos registados desde segunda-feira surgem após a morte do cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, que foi baleado na madrugada de segunda-feira, no Bairro Cova da Moura, no mesmo concelho do distrito de Lisboa.
Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e despistou-se na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria e isenta” para apurar responsabilidades, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.
A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.
“Polícia, amigo, o Chega está contigo”
Na manifestação do Chega, mais de 200 pessoas entoaram mensagens de apoio aos agentes da PSP, como “polícia amigo, o Chega está contigo” ou ““bandido, ladrão, o teu lugar é na prisão”.
“Temos tido um país incendiado nas suas estruturas, pessoas que atacaram a polícia. Espero que ao fim de toda esta história os acusados não sejam os únicos que defendem a Polícia. Espero que os que andam a destruir casas e carros sejam acusados. Espero que não seja o mensageiro a ser preso”, afirmou André Ventura à chegada do local onde se encontram os manifestantes do Chega.
Ventura aponta ainda uma “guetização” e a criação de bairros onde a polícia é “sistematicamente atacada”. “Precisamos é de mais polícia, de polícias com mais meia, com mais autoridade”, refere o líder partidário.
Recorde-se que André Ventura, assim como o líder da bancada do Chega e um assessor do partido, estão a ser investigados pelo Ministério Público por suspeitas de incitação ao ódio na sequência dos comentários sobre a morte de Odair Moniz.
O presidente do Chega, André Ventura, disse que o agente da PSP que baleou Odair Moniz devia ser condecorado e não constituído arguido. “Devíamos agradecer a este policia o trabalho que fez”, reforçou.
Já Pedro Pinto, o líder da bancada, referiu num programa da RTP, que “se os polícias disparassem a matar, o país estava mais na ordem”.
No caso do assessor Ricardo Reis, está em causa uma publicação na rede social X, onde salientou, sobre a morte do cidadão cabo-verdiano, que era “menos um criminoso“ e “menos um eleitor do Bloco [de Esquerda]”.
Os dirigentes do Chega estão ainda a ser alvo de uma queixa-crime feita por vários cidadãos. Uma petição pública online em apoio a esta queixa já conta com mais de 80 mil assinaturas.
ZAP // Lusa
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