A Rússia “tornou-se totalmente dependente” da China

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Presidential Executive Office of Russia / Wikimedia

O presidente chinês Xi Jinping e o presidente russo Vladimir Putin

A invasão da Ucrânia pela Rússia, tornou este país “totalmente dependente da China para o seu comércio, componentes e recursos” – defende a jornalista e historiadora norte-americana Anne Applebaum.

“Ninguém poderia ter previsto que a Rússia se tornaria num Estado vassalo da China”, disse, em entrevista à agência Lusa, a especialista Anne Applebaum, a partir de Nova Iorque.

Com uma economia enfraquecida e perda da qualidade de vida dos seus cidadãos, a Rússia acabou por se tornar “totalmente dependente da China para o seu comércio, componentes e recursos”, defendeu.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 – após a desagregação da antiga União Soviética – e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.

As contribuições chinesas no conflito europeu, adiantou Applebaum, traduzem-se no “fornecimento de componentes e peças que alimentam a indústria de defesa russa”.

Estes contributos são ainda reforçados com uma parceria na desinformação, área onde “os russos costumavam ter um grupo separado de operações”, mas onde estão agora “cada vez mais a trabalhar em conjunto com os chineses para transmitir mensagens semelhantes”, explicou Applebaum.

Anne Applebaum criticou ainda a inaptidão das democracias liberais em executar as sanções impostas à Rússia após a invasão da Ucrânia, cujo objetivo passa por “dificultar a produção de novas armas”.

Esta inação, continuou, deve-se à “quantidade excessiva de sanções”, à “falta de um sistema que seja capaz de combater a evasão russa” às mesmas e a “desatenção aos aliados da Rússia” aquando o início da guerra.

“Não considerámos que a Rússia tinha um aliado no Irão, na Coreia do Norte, na China, países que continuariam a fornecer armas, drones, mísseis e munições”, disse.

Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra a Rússia para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.

ZAP // Lusa

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2 Comments

  1. A China, com a sua política de aparente neutralidade, consegue o seu objetivo de subjugar a Rússia, com a qual tem fronteiras importantes.
    Só por isso, já que não é um mercado no limiar da pobreza, de 146 ml habitantes, que vai alavancar a economia chinesa em crescente dificuldade.

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  2. China e Índia e Irão e Brasil e Turquia e África do Sul…. Não nos podemos esquecer quem anda a comprar petróleo aos russos para depois o revender….

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