As forças russas estão com alguma relutância em usar as suas devastadoras bombas planadoras em Kursk. A dificuldade em utilizar estas bombas com precisão levanta receios que os bombardeamentos atinjam as suas próprias posições no terreno.
Segundo um perito em estratégia militar citado pelo Business Insider, a Rússia não está a conseguir tirar o máximo partido das suas bombas planadoras, uma das suas armas mais eficazes, contra as forças ucranianas que avançam no seu território.
Estas bombas, equipadas com sistemas de orientação que permitem o seu lançamento a partir de jatos à distância, são difíceis de parar, e a Rússia tem vindo a torná-las mais potentes: o seu modelo mais recente pesa 1.600 quilos.
Mas, apesar de estarem a ser cada vez mais usadas na ofensiva russa em território ucraniano, não estão a ser usadas à mesma escala contra as forças ucranianas que atravessaram a fronteira com a Rússia no início deste mês.
Segundo Mark Cancian, coronel reformado do Corpo de Fuzileiros Navais e conselheiro sénior do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, a Rússia não está a usar o seu poder aéreo ou estas bombas planadoras contra as forças ucranianas em Kursk.
“Penso que isso é um reflexo de um sistema de controlo aéreo fraco“, afirmou o analista norte-americano.
Enquanto os Estados Unidos e a NATO “dispõem de mecanismos de controlo muito sofisticados” e de um “sistema muito elaborado e bem treinado” entre os aviões e um centro de controlo para garantir que não atingem nada amigo, o mesmo não acontece com a Rússia.
“Os EUA são muito bons nisso. Os russos não são“, diz Cancian, que afirma que a Rússia consegue usar em larga escala as bombas planadoras na Ucrânia porque a frente é estática e, em grande parte, imóvel, pelo que a Rússia pode utilizar um sistema de controlo mais fraco e menos danos não intencionais.
Segundo Cancian, a relativa cautela da Rússia em Kursk “é um reflexo da sua incapacidade, da sua fraqueza na utilização do ar em apoio das forças terrestres”.
Só na semana passada, a Rússia usou 750 bombas planadoras em cidades e aldeias ucranianas, adiantou o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy no domingo.
George Barros, especialista militar russo do Instituto para o Estudo da Guerra, sediado nos EUA, salienta que os ataques da Rússia na Ucrânia com estas bombas “obliteram completamente bairros e cidades inteiras num período de apenas alguns dias”.
Segundo Rajan Menon, investigador sénior do Instituto Saltzman de Estudos da Guerra e da Paz da Universidade de Columbia, os russos estão limitados por “não poderem lançar estas bombas planas fabulosas em Kursk, como têm feito em partes da Ucrânia, especialmente na frente oriental.
“Obviamente, é o seu próprio território. Iriam matar muitas pessoas. Civis“, diz Menon. “A Rússia tem medo das considerações políticas que resultariam de atingir o seu próprio território”.