Os representantes dos trabalhadores dos CTT saíram hoje da reunião com a ministra das Finanças, em Lisboa, com “uma mão cheia de nada”, mas “com mais certezas de que o combate contra a privatização” da empresa “é para continuar”.
“Saímos com uma mão cheia de nada, tal como tínhamos entrado. Mas com mais certezas que o combate contra a privatização é para continuar”, afirmou hoje o sindicalista José Oliveira, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), aos jornalistas no final de uma reunião com Maria Luís Albuquerque no Ministério das Finanças.
O sindicalista referiu que o grupo entrou para a reunião “com a firme ideia que a privatização não serve aos CTT, nem ao serviço público, nem aos cidadãos, nem ao país”, e que saiu “com a mesma ideia”.
“Foi uma conversa de surdos”, afirmou.
José Oliveira garantiu que a luta dos trabalhadores dos CTT vai “continuar”. “Porque temos razão, em nosso nome e dos cidadãos, para quem trabalhamos”, defendeu.
O sindicalista adiantou que os sindicatos que representam os trabalhadores dos CTT irão entregar na segunda-feira um pré-aviso de greve para 27 de Dezembro e que “já há proposta para greves a 30 e 31 [de Dezembro]”.
Centenas de pessoas manifestaram-se hoje em Lisboa contra a privatização dos CTT. O protesto começou pelas 15:00 na Praça dos Restauradores, em Lisboa, e seguiu depois para a porta do Ministério das Finanças, no Terreiro do Paço.
Na Praça dos Restauradores, onde se realizou um plenário de trabalhadores, intervieram também a coordenadora do Bloco de Esquerda Catarina Martins, o deputado do PCP Bruno Dias, e o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos.
Da jornada de protesto fazia também parte uma ida à Assembleia da República, onde representantes dos trabalhadores esperavam ser recebidos pela presidente, Assunção Esteves.
José Oliveira referiu que a presidente da Assembleia da República se “recusou” a receber os trabalhadores.
“Nunca aconteceu isto com nenhum outro presidente da Assembleia da República, mas vamos entregar os postais na mesma”, acrescentou.
No entanto, um grupo de representantes dos trabalhadores deslocou-se na mesma até ao parlamento, onde deixou, de acordo com o sindicalista, “22 mil assinaturas contra a privatização dos CTT”.
Os trabalhadores dos CTT cumprem hoje um dia de greve.
Às 13:00, a adesão à greve variava entre os 18,5% avançados pela administração e os 78% garantidos pelo sindicato do sector, com os dois lados a dividirem-se também sobre o funcionamento dos serviços.
De acordo com a administração, as 624 lojas dos CTT de todo o país encontravam-se abertas a essa hora e a maior parte dos carteiros estava a distribuir correio.
A perspectiva da administração contrasta com a do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações, já que, segundo o sindicalista José Oliveira, os números apontavam para uma adesão à greve na ordem dos 78 por cento.
Pouco depois das 00:00 de hoje, a polícia foi chamada a intervir no centro de distribuição dos CTT em Cabo Ruivo para permitir a saída dos primeiros quatro camiões depois do início da greve na empresa.
O início do protesto foi marcado pela intervenção da polícia de intervenção, que afastou grevistas, sindicalistas e deputados das proximidades da porta da empresa.
O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, e os deputados Bruno Dias (PCP) e Pedro Filipe Soares (Bloco de Esquerda) estiveram entre os que foram empurrados.
Entretanto, o grupo parlamentar do PCP requereu a audição urgente do ministro da Administração Interna, junto do presidente da Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias sobre os incidentes.
Já o Bloco de Esquerda, interpelou a presidente da Assembleia da República sobre a “restrição da liberdade de deputados” pela polícia, junto ao piquete de greve dos CTT, exigindo que peça explicações ao ministro das Administração Interna.
/Lusa