Novo semáforo causa polémica (e gargalhadas) no Parlamento

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JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

O deputado do Chega, Pedro Pinto.

É preciso falar enquanto está verde, senão… o microfone desliga-se sozinho. Os deputados do Chega não perceberam muito bem como funciona.

A sessão plenária desta quarta-feira foi dia de estreia para o novo semáforo do Parlamento, o sistema automático anunciado em abril que corta o microfone aos deputados que ultrapassem o tempo limite das intervenções no Parlamento.

Apenas 15 segundos depois de acendido o sinal vermelho, a palavra do orador é cortada automaticamente, de modo a disciplinar as intervenções dos políticos e “evitar o sentimento de que uns foram mais favorecidos do que outros”, explicou o porta-voz da conferência de líderes parlamentares e deputado social-democrata, Jorge Paulo Oliveira.

No semáforo aparece uma luz amarela 30 segundos antes de acabar o tempo; no final desse tempo, a luz vermelha aparece, restando apenas mais 15 segundos de intervenção perante os restantes deputados.

O Chega não pareceu estar ciente das novas regras e foi o único partido a passar várias vezes no sinal vermelho, como aconteceu a António Peixoto, deputado por Braga, por duas vezes — à segunda, para grande contentamento de Rui Tavares, do Livre, que soltou um “Oh…” irónico entre boas gargalhadas enquanto apontava a rir-se para a bancada do partido liderado por André Ventura.

Paulo Núncio, do CDS, falava na sessão quando, de repente, todos deixaram de o ouvir. “Já não fica gravado, senhor deputado, fica para uma outra intervenção”, explicou o Presidente da Assembleia, José Pedro Aguiar-Branco.

Ainda chegou a vez de Inês de Sousa Real, do PAN, ser interrompida pelo semáforo e de criticar o automatismo.

É indigno cortar a palavra a um deputado“, defendeu Pedro Pinto, do Chega, que disse que se sentiu “humilhado” pelo semáforo.

Pretende-se com o novo semáforo evitar que “haja denúncias expressas, de forma pública ou privada, de que um determinado grupo parlamentar teve um tratamento [por parte da mesa da Assembleia da República] ou mais favorável ou desfavorável em matéria de gestão de tempos de intervenção”.

Tomás Guimarães, ZAP //

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