Manuel de Almeida / Lusa
A vitória de Francisco Paupério na primeira volta foi estranha. Mas o candidato também estranha esta decisão do Livre.
A escolha dos candidatos do Livre para as eleições europeias decorreu de uma forma na primeira volta, mas vai decorrer de outra forma na segunda volta.
Na primeira volta, realizada na quinta-feira passada, a votação foi aberta a todos – mas na segunda volta só poderão votar membros e apoiantes do Livre.
A decisão do partido foi anunciada nesta terça-feira. A direcção do partido explicou que há “fortes indícios de viciação” do processo.
Não há suspeitas de fraude eleitoral, mas há desconfiança em relação à vitória de Francisco Paupério na primeira volta.
O candidato conseguiu 3.560,23 pontos e venceu Filipa Pinto, que ficou com 2.183,69 pontos.
A Comissão Eleitoral do Livre recebeu várias queixas e pedidos de dados sobre estes resultados. Não os números globais, mas os resultados de Francisco Paupério.
No sistema eleitoral interno do Livre pode-se votar em vários candidatos. Mas, entre todos os votos que Francisco conseguiu, mais de metade (52%) estavam num boletim em que os eleitores só escolheram o seu nome.
“É a primeira vez que surge um candidato com um número excessivo de votos únicos (quando o eleitor escolhe apenas um candidato). É um número excessivo em comparação com outras primárias e em comparação com os restantes candidatos desta eleição”, explica a Comissão Eleitoral.
E, ainda neste contexto, destacou-se outro número: 185 votos únicos foram de pessoas que não são membros do partido: apenas 4 votos únicos surgiram dentro do partido. Esses 185 votos únicos correspondem a 39% de todos os votos de inscritos para estas eleições.
Francisco Paupério acha que esta decisão é “estranha” e admite que ficou “muito surpreendido”.
“Fiquei muito surpreendido com a decisão e com a mudança de universo de eleitores a meio do processo. É contra o espírito do partido (abrir a votação a todos)”, reagiu, no jornal Expresso.
Carlos Teixeira, Mafalda Dâmaso, Tomás Cardoso Pereira, e Inês Pires também vão estar na segunda volta destas eleições primárias.
Mas a ideia geral dos concorrentes de Francisco é centrar o voto na segunda classificada, Filipa Pinto.
Sérios, em especial, quando não se riem.
Impolutos, quando nascem.
Afinal, também são vulneráveis como outros, infelizmente.
O Livre é apenas uma versão açucarada do BE e ficaria melhor como fação dentro deste partido. Mas o Rui Tavares queria ter um partidozinho só dele…