Os Estados Unidos expressaram, esta sexta-feira, a vontade de manter uma “relação económica saudável” com a China, ao contrário do que tem vindo a acontecer. Joe Biden e Xi Jinping não se entendem, mas o segredo para a reconciliação está à distância de uma comunicação “franca e aberta”.
A relação entre as duas maiores economias do Mundo – EUA e China – já teve melhores dias.
Recentemente, a China deixou de ser o principal importador dos EUA.
As relações económicas entre os EUA e a China deterioraram-se nos últimos anos, face a uma prolongada guerra comercial e tecnológica e às ambições geopolíticas de Pequim, que incluem a reivindicação de quase todo o mar do Sul da China e ameaças militares a Taiwan.
Neste contexto, a desconfiança dos norte-americanos sobre as políticas económicas chinesas – sob a presidência de Xi Jinping – é crescente. E, neste ponto, até os “rivais” Donald Trump e Joe Biden estão “unidos”.
O segredo para a reconciliação
Esta sexta-feira, a Secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, disse que Washington quer forjar uma “relação económica saudável” com Pequim, numa reunião com líderes empresariais norte-americanos estabelecidos em Cantão, no sudeste da China.
Durante o encontro, Yellen sublinhou a intenção dos Estados Unidos de trabalhar com a China para alcançar uma relação que garanta condições iguais para os trabalhadores e empresas norte-americanas.
De acordo com um comunicado, a dirigente destacou a importância de uma comunicação “franca e aberta” com a China para atingir este objetivo.
A secretária reuniu-se com representantes empresariais dos EUA, União Europeia (UE) e Japão, que expressaram “preocupações” sobre o excesso de capacidade industrial da China em determinados setores.
Durante a visita à China, Yellen pretende abordar com representantes do governo chinês “práticas comerciais injustas” e, em particular, destacar “o impacto da sobreprodução chinesa na economia mundial”.
A dirigente iniciou na quinta-feira a segunda visita à China em menos de um ano, que decorre até 9 de abril.
Biden e Jinping não se entendem
Esta visita surge depois de o Presidente dos EUA, Joe Biden, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, terem falado na terça-feira, numa chamada telefónica que a Casa Branca descreveu como franca, mas na qual, segundo o Governo chinês, houve alguma fricção.
Como Joe Biden e Xi Jinging não se entendem, Janet Yellen tem como missão estabilizar uma relação conflituosa entre as duas maiores economias do mundo, nomeadamente através da criação de grupos de trabalho bilaterais dedicados a questões económicas e financeiras.
Os EUA estão particularmente preocupados com o aumento das exportações chinesas a baixo custo em setores como veículos elétricos, baterias de lítio e painéis solares, o que pode impedir a formação de uma indústria norte-americana nestas áreas.
No final de 2023, Janet Yellen garantiu que Washington vai continuar a exigir maior clareza na política económica chinesa, avisando que a China era “demasiado importante para construir o seu crescimento com base nas exportações”.
Na quarta-feira, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, disse que a China espera que a visita de Yellen sirva para “construir consensos” com os Estados Unidos e que Washington esteja “disposta a trabalhar com Pequim para chegar a um meio-termo”.
ZAP // Lusa