Portugueses tendem a castigar nas urnas quem inviabiliza governos. Pressão de Montenegro, que quer uma legislatura completa, pode vir a resultar — mas há que responder às prioridades estabelecidas.
Luís Montenegro assumiu o cargo de primeiro-ministro no mês passado e deixou um claro apelo, na sua tomada de posse, que já tinha vindo a reforçar durante a campanha: o presidente do PSD não quer que o PS seja uma força de bloqueio de governabilidade.
Os socialistas, segundo o social-democrata, devem definir se serão oposição ou bloqueio: “Apesar da sua legitimidade em se constituir como fiscalizador da ação do Governo e em alternativa futura, que compreendemos com total respeito democrático, o Partido Socialista deve ser claro e autêntico quanto à atitude que vai tomar: ser oposição democrática ou ser bloqueio democrático“, disse no seu discurso de tomada de posse, colocando, de certa forma, a responsabilidade política nas mãos socialistas.
“No PS há uma convicção de que os portugueses não gostam de instabilidade política, que os portugueses tendem a castigar os partidos que impedem a viabilidade governativa. Vê-se que aconteceu isso com os seus parceiros de esquerda”, afirma a investigadora e politóloga Conceição Pequito ao Jornal de Negócios.
O “castigo” eleitoral é um receio dentro do partido liderado por Pedro Nuno Santos que pode levar o PS e o Chega a hesitar em unir forças contra o Governo, pelo menos a curto prazo.
“Nem o Chega, nem o PS vão deitar abaixo em outubro um Governo que está com alta popularidade, porque conhecem o resultado de atuações similares”, acredita o politólogo José Leite Viegas.
Mas para tal, é preciso que Montenegro implemente — e bem — as suas principais promessas eleitorais nos primeiros meses de mandato.
“Se as coisas continuarem como têm estado até agora, com grande discussão e reivindicação de vários grupos e nada de concreto for conseguido, aí talvez se o pensamento (do PS) seja diferente e vá no sentido de ganhar as eleições. Estes primeiros meses vão ser fundamentais”, diz ao Negócios a politóloga Susana Salgado.
Houve uma mediatização excessiva de tudo. O Governo de António Costa ‘pôs-se a jeito’ com os seus ministros mais jovens e putativos sucessores, mas de facto foi uma avalanche noticiosa praticamente imparável, estamos a precisar de ouvir mais sobre medidas, sobre resultados”, defende Pequito.
Nesse prisma, o Orçamento do Estado (OE) surge como peça fundamental para definir a popularidade do novo primeiro-ministro e do novo Governo, com expectativas de que o PS possa optar por não viabilizar o OE, levantando a possibilidade de eleições antecipadas.
Ao mesmo tempo, Montenegro tem procurado neutralizar a influência do Chega, focando-se em temas como imigração e corrupção, numa aparente tentativa de absorver parte do seu eleitorado — está a preparar terreno para eleições futuras, acreditam os especialistas.
“É importante trazer temas que são considerados importantes para o eleitorado para as decisões políticas do Governo. Isto demonstra que o Governo está interessado em resolver problemas concretos, em vez de afastá-los e dizer que não são discutíveis. Parece uma estratégia para tentar alguma durabilidade ou captar votos numa futura eleição”, diz Susana Salgado.
O ps vai colher aquilo que semeou ou melhor o que não semeou, não fez, NADA FEZ DURANTE 8 ANOS para resolver os problemas estruturais do país, andou mais preocupado com a ideologia de género e da extrema esquerda……..ps perdeu bem as eleições e nas europeias a derrota ainda vai ser maior!
O governo da AD vai ser penosamente breve.
Paira no ar a nuvem de uma súbita morte de grilo.
Cirurgicamente e sem medos.
Não vejo a hora. O camarote é confortável, eu é que sofro de “bichos carpinteiros”.