Marcelo Rebelo de Sousa enganou-se no dia. E, na verdade, uma das Primaveras já começou há três semanas.
Não foi propriamente o momento mais importante do (segundo) encontro entre Marcelo Rebelo de Sousa e Luís Montenegro, na quarta/quinta-feira.
Mas, ainda com a presença das câmaras televisivas, o presidente da República disse, do nada: “Já é (dia) 21”. Montenegro confirmou.
“Começo da Primavera”, concluiu Marcelo.
Não é verdade. Neste ano, não.
A Primavera Marcelista – esta de 2024 sobre as estações do ano, e não a de 1968-70 sobre a política – começou no dia 21 de Março. Mas a real já tinha começado no dia 20, quarta-feira.
A denominada Primavera Boreal, no hemisfério norte, começa no equinócio de Março.
Neste ano, e em Portugal, a Primavera começou no dia 20 de Março, ainda de madrugada, às 3h06. O equinócio decorreu nesse momento.
O equinócio, conceito da astronomia que indica o momento em que o Sol, no seu movimento anual (aparente), passa pelo plano do equador celeste. Neste caso, ou a 20 ou a 21 de Março, começa o deslocamento aparente para norte do equador celeste.
Os equinócios são os momentos em que o dia terrestre é dividido praticamente ao meio.
Ocorrem duas vezes por ano. Na Primavera, a combinação da órbita terrestre e da inclinação axial fazem com que o Sol se encontre directamente sobre o Equador; cerca de metade do planeta está iluminado, a outra metade está às escuras.
Mas, na verdade, a Primavera começa duas vezes, lembra a revista National Geographic.
As estações dividem o ano. Mas podem ser definidas de duas formas: astronómicas e meteorológicas.
As estações astronómicas baseiam-se na posição da Terra à medida que gira em torno do Sol. Essa foi a analisada até aqui.
As estações meteorológicas baseiam-se nos ciclos de temperatura anuais.
E estão igualmente mais alinhadas com o calendário civil: cada estação tem exactamente três meses e começa no dia 1.
A Primavera já começou no dia 1 de Março, para quem segue as estações meteorológicas.
O Verão vai começar no dia 1 de Junho, o Outono a 1 de Setembro e o Inverno no dia 1 de Dezembro. Sempre no hemisfério norte, recordamos.
Este método permite aos meteorologistas realizar os cálculos estatísticos complexos necessários para fazer previsões e comparar as estações umas com as outras.
Felizmente que esta “primavera marcelista” terá, como a outra de má memória, tempo (ainda mais) curto e os dias contados.