Metade das famílias portuguesas não dispõe de mais do que 53% do rendimento necessário para se qualificar para um crédito à habitação, o que torna a compra de casa uma miragem para a grande maioria.
De entre 278 concelhos do continente analisados em estudo recente, divulgado pelo Ministério da Economia de Portugal, apenas em 45 — cerca de 15% do total — é que pelo menos metade das famílias possui rendimento mínimo necessário para a aquisição de habitação recorrendo a financiamento bancário, avança o Jornal de Negócios esta quarta-feira.
A análise do Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia sublinha as dificuldades não apenas nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, mas por todo o território continental — especialmente a deterioração da acessibilidade no Algarve e na região metropolitana de Lisboa.
Aqui, a realidade é que a mediana de rendimentos no país (1.091 euros) fica aquém do necessário para suportar as prestações bancárias para compra de habitação, estimadas em 2.063 euros.
Em 2021, os rendimentos medianos das famílias foram suficientes para cobrir as prestações exigidas para a compra de habitação apenas em 45 concelhos do continente, segundo a avaliação bancária.
Estes concelhos, maioritariamente situados no interior do país, excluindo quatro na região de Leiria e dois em Coimbra, destacam-se por uma maior facilidade de acesso ao crédito habitacional. Por outro lado, Vila do Bispo, no Algarve, representa o extremo da inacessibilidade, onde metade das famílias não consegue sequer cobrir um terço da prestação necessária para um crédito habitacional.
O estudo aplica a metodologia do índice de acessibilidade da habitação, usado pela National Association of Realtors dos EUA, adaptando-a ao contexto português. O índice compara o rendimento mediano das famílias com o esforço mensal necessário para cumprir um plano de prestações de crédito, com variáveis como medianas de rendimento, avaliações bancárias, áreas úteis dos alojamentos, taxas de juro e prazos médios de novos contratos à habitação.
Foram ainda consideradas as recomendações do Banco de Portugal que limitam o financiamento a 90% do valor de avaliação das casas e o máximo de rendimento líquido que as famílias podem destinar ao pagamento de créditos a 50%.
Não são os salários os maiores culpados do impedimenrmto à compra de casa.
Muitas casas se compraram e pagaram, com salários bem mais baixos.
O grande impedimento é o custo e a gula dos bancos.
As políticas que conduziram a este escândalo têm que ser revertidas. Urgentemente.