ZAP // Dall-E-2
A nova pesquisa contraria a ideia prevalente de que o megalodonte era semelhante ao tubarão branco moderno.
Um novo estudo, publicado este mês na Palaeontologia Electronica, provocou uma revisão significativa na nossa compreensão do megalodonte (Otodus megalodon), um enorme tubarão pré-histórico, desafiando a crença de longa data de que se assemelhava ao tubarão branco moderno.
Segundo a New Scientist, o estudo, focado na forma corporal do animal, usa três novas informações críticas e oferece uma nova perspetiva sobre este antigo predador no topo da cadeia alimentar.
Em primeiro lugar, o estudo, liderado por Kenshu Shimada, paleobiólogo da Universidade DePaul e Phillip Sternes, investigador da Universidade da Califórnia em Riverside, revelou que o megalodonte tinha sangue quente, muito parecido com o tubarão branco moderno.
No entanto, esta característica por si só não é suficiente para comparar a sua forma corporal à do tubarão branco.
A descoberta de que os tubarões-peregrinos, lentos e com dietas à base de plâncton, que ainda estão vivos hoje, também são de sangue quente, sugeriu que ter sangue quente não implicava necessariamente ser um nadador rápido. Esta perceção foi crucial para repensar os atributos físicos do megalodonte.
A segunda descoberta significativa veio da análise das escamas do megalodonte, que indicou que provavelmente era um tubarão de navegação lenta. Esta evidência lançou mais dúvidas sobre a adequação da comparação da forma corporal do megalodonte com o ágil e rápido tubarão branco.
A terceira peça de informação crítica envolveu uma reavaliação do tamanho do megalodonte, já que as reconstruções anteriores, que sugeriam que o megalodonte se parecia com o tubarão branco moderno, não estavam alinhadas com as evidências fósseis empíricas.
Segundo a BBC Science Focus, os investigadores realizaram tomografia computorizada num tubarão branco vivo, para comparar o seu esqueleto e coluna dorsal com reconstruções da coluna vertebral de um megalodonte — e concluíram que havia demasiadas diferenças entre os dois para podermos dizer que um megalodonte era apenas um tubarão branco muito muito grande.
“Embora os estudos anteriores estivessem presos à ideia de que o megalodonte deveria ter-se parecido com o grande tubarão branco moderno, o nosso novo estudo destaca a discrepância nas estimativas de tamanho“, referem os autores do estudo.
“O nosso estudo enfatiza a evidência fóssil empírica – o facto de que o megalodonte não poderia ter medido menos de 11,1 metros, onde essa medição nem sequer leva em conta os comprimentos da cabeça e da cauda”, acrescentam os investigadores.
A análise dos autores concluiu que o megalodonte provavelmente tinha um corpo mais esguio em comparação com o tubarão branco, com um comprimento estimado de pelo menos 11,1 metros, excluindo a cabeça e a cauda.
Esta pesquisa sublinha assim as limitações dos registos fósseis, particularmente para espécies como tubarões, cujos esqueletos são essencialmente feitos de cartilagem e não se preservam bem.
Ainda assim, parece certo que o magalodonte era um temível predador com o peso de 10 elefantes, que conseguia devorar uma orca com 5 dentadas, que se alimentava de outros predadores (e predadores de predadores), e que foi extinto por causa de… outro temível predador.
