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Não há acordo para dar 50 mil milhões à Ucrânia (aqui Orbán não saiu da sala)

Olivier Hoslet/EPA

Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria

Hungria bloqueia revisão do orçamento da União Europeia. Os outros países da UE ainda tentaram dividir entre si os custos.

O primeiro dia do Conselho Europeu terminou na madrugada desta sexta-feira, em Bruxelas, sem acordo sobre a revisão do orçamento da União Europeia (UE) a longo prazo, que inclui apoio financeiro à Ucrânia, estando marcada nova cimeira para início de 2024.

Após um dia de intensas negociações, que começaram pelas 10h00 (9h00 em Lisboa) de quinta-feira e terminaram pelas 2h30 (1h30 em Lisboa), os chefes de Governo e de Estado da UE não chegaram a acordo sobre a revisão do Quadro Financeiro Plurianual (QFP) 2024-2027 e a reserva financeira de 50 mil milhões de euros de apoio à reconstrução e modernização da Ucrânia, indicaram fontes europeias à agência Lusa.

As mesmas fontes comunitárias assinalaram que chegou a estar em cima da mesa uma proposta portuguesa de avançar apenas a 26 Estados-membros (distribuindo os encargos por estes), no âmbito do quadro de negociação que foi afinado esta noite, dado o bloqueio da Hungria, mas não havia base jurídica que o suportasse.

Assim sendo, está previsto que os líderes da UE se voltem a reunir numa cimeira extraordinária para discutir esta matéria orçamental, a ser realizada em janeiro ou em fevereiro do próximo ano, adiantaram as mesmas fontes europeias.

Outras fontes comunitárias precisaram que a mais recente versão do quadro de negociação “foi objeto de um forte apoio por parte de 26 Estados-membros, mas a Hungria repetiu claramente que não vai autorizar novas verbas para a Ucrânia, nem o pagamento de juros do Fundo de Recuperação da UE”.

Por essa razão, optou-se por adiar a discussão para início de 2024 para “dar a melhor oportunidade a um resultado positivo” e mais tempo ao Conselho Europeu “para continuar a negociar”, concluíram.

“Ajudo se…”

O primeiro-ministro húngaro condicionou a ajuda da Europa à Ucrânia à “libertação dos milhares de milhões de euros” para a Hungria, antes de considerar a possibilidade de levantar o veto a uma nova ajuda a Kiev.

“Sempre disse que se houvesse uma alteração ao orçamento da União Europeia (…), a Hungria aproveitaria a oportunidade para exigir claramente o que merece. Não metade, não um quarto, mas tudo“, afirmou o líder nacionalista numa entrevista à rádio estatal.

“Resumo do turno da noite: veto ao dinheiro extra para a Ucrânia e veto à revisão do QFP [Quadro Financeiro Plurianual]. Voltaremos a abordar a questão no Conselho Europeu no próximo ano, após uma preparação adequada”, escreveu Orbán numa publicação na rede social X (antigo Twitter).

Na ocasião, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, referiu que apenas um país, a Hungria, está contra a revisão do orçamento da UE a longo prazo e rejeitou especular sobre a possibilidade de o bloco europeu decidir apenas a 26.

“Acabámos a nossa reunião hoje [quinta-feira] à noite. Discutimos o quadro financeiro plurianual e 26 líderes concordaram com a proposta em todos os seus componentes, para ser preciso, um líder, a Suécia, tem de consultar o seu parlamento, em linha com o procedimento habitual para este país, e um líder discordou”, sustentou Michel, no final do primeiro dia de reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas.

ZAP // Lusa

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