Portugal é o segundo país na Europa com a maior percentagem de vendas em promoção mas as promoções não garantem a fidelização: o consumidor é “cada vez mais errático.”
As promoções têm, em Portugal, um papel relevante nas vendas do retalho alimentar, verificou a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED).
Aproximadamente 50% das vendas são realizadas em promoção, fazendo de Portugal o segundo país na Europa com a maior percentagem de vendas em promoção, ultrapassado apenas pela República Checa, segundo o Jornal Negócios.
Ao oferecerem mais opções, as promoções beneficiam os consumidores e são mesmo “resultado da própria escolha do consumidor que, depois, naturalmente tem reflexos na intenção das marcas em continuarem com a venda em promoção”, diz ao jornal o diretor-geral da APED, Gonçalo Lobo Xavier.
A prevalência das promoções em Portugal é significativamente mais alta do que em outros países europeus. Por exemplo, em Espanha, as vendas em promoção representam menos de 20% do total.
Em Portugal, os consumidores tendem a procurar ativamente as melhores ofertas, adaptando-se assim o retalho a esta demanda.
“O consumidor tem uma procura por vendas em promoção para procurar os melhores negócios e o retalho tem-se adaptado. Isto reflete apenas e só uma escolha do consumidor que, de facto, se habituou a esta campanha promocional que, no final do dia, resulta a favor dele”, explica.
Consumidor procura a promoção
Mas contrariamente à perceção comum, as promoções não garantem necessariamente a fidelização dos clientes.
“O que temos vindo a assistir nos últimos tempos, precisamente, dada a capilaridade do retalho alimentar e a forte concorrência, é a um consumidor cada vez mais errático que procura no supermercado A o melhor negócio em determinado produto e no supermercado B, C ou D outro de outras campanhas”, diz.
“O que se vê é um consumidor que se entrar no supermercado e o produto que procura não estiver em promoção ou não compra ou vai procurá-lo em outro lugar em que esteja ou então espera para que esse produto fique em promoção” — um “cuidado” que reflete a gestão orçamental em tempos mais difíceis financeiramente.
As promoções abrangem principalmente produtos de marcas conhecidas, enquanto os produtos de marca própria dos supermercados — conhecida como marca “branca” — geralmente já têm preços mais baixos.
A gestão das margens nestas campanhas promocionais é uma questão complexa, que envolve tanto retalhistas quanto fabricantes, mas, de acordo com Lobo Xavier, todos acabam por beneficiar deste modelo.
“Na gestão das campanhas promocionais, há uma política comercial – que a APED não comenta –, mas que tem sido feita em conjunto com os fabricantes”, responde, deixando apenas uma garantia: “Todos ganham”.