O eurodeputado e promotor do Partido Democrático Republicano (PDR), Marinho e Pinto, afirmou-se hoje “apreensivo” com a situação na Grécia na sequência da aliança entre o partido vencedor Syriza e “um partido da direita mais retrógrada”.
“Estou apreensivo não tanto pelo resultado das eleições, mas pelas opções que o vencedor fez logo a seguir”, disse Marinho e Pinto em declarações à agência Lusa à margem de uma homenagem organizada pelo PDR à primeira tentativa de implantação da República, a 31 de janeiro de 1891.
Admitindo ter dito “noutros tempos que, se estivesse na Grécia, teria votado no Syriza“, o antigo bastonário da Ordem dos Advogados afirmou que, “se fosse hoje, pensava duas vezes“, confessando-se desiludido com a aliança pós-eleitoral firmada com os Gregos Independentes, “um partido da direita mais retrógrada da Grécia”.
“O partido com o qual o Syriza se aliou está mais perto da extrema-direita nazi do que do Syriza e isto é preocupante. Não percebo esta aliança com um partido antissemita, xenófobo, racista e homofóbico, que lembra os piores tempos da Europa”, sustentou, considerando que “a única coisa que têm em comum é o antieuropeísmo“.
“Europeísta” assumido, mas defensor de “profundas reformas nas estruturas institucionais da Europa”, Marinho e Pinto recorda que “a Grécia deve uma quantia enorme, que lhe foi emprestada para que o Estado pudesse satisfazer os seus compromissos, pelo que dizer que não paga ou alimentar a ilusão de que as dívidas não são para pagar é muito perigoso”.
“Ao contrário de uma certa esquerda que anda aí a vender ilusões e fantasias ao eleitorado português, nós dizemos que as dívidas são para pagar, mas que vamos negociar com os credores as modalidades de pagamento”, sustentou, salientando, contudo, que esta negociação não pode ser “tema de campanha eleitoral”, mas uma “discussão serena e reservada com os credores”.
“Nós, os devedores, não temos nem o queijo, nem a faca na mão, pelo que é preciso alguma humildade e, sobretudo, alguma honestidade política para se resolver este problema”, considerou.
O partido Syriza, liderado por Alexis Tsipras, obteve no domingo passado uma vitória clara, com 36,34% dos votos, elegendo 149 deputados, menos dois do que os 151 necessários para a maioria absoluta.
Este resultado obrigou o Syriza a formar uma coligação governamental, anunciada no dia seguinte com os Gregos Independentes (nacionalistas com 13 deputados no parlamento).
/Lusa