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Nível de vida em Portugal já está abaixo da Roménia

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António Cotrim / Lusa

O primeiro-ministro, António Costa (C), acompanhado pela ministra da Habitação, Marina Gonçalves, e pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, durante a conferência de imprensa no final da reunião do Conselho de Ministros, no Palácio da Ajuda, em Lisboa, 16 de fevereiro de 2023.

O nível de vida dos portugueses poderá continuar a cair face à média da União Europeia (UE) e já está abaixo da Roménia, pressionado pelo peso dos impostos, segundo um estudo da Faculdade de Economia do Porto (FEP).

O estudo representa o primeiro capítulo da publicação “Economia e empresas: tendências, perspectivas e propostas” e é uma edição do novo Gabinete de Estudos Económicos, Empresarias e de Políticas Públicas (G3E2P) da FEP.

A publicação analisou a evolução do nível de vida em Portugal e apresenta um cenário pouco optimista.

“A perda relativa [do nível de vida] entre 1999 e 2022 resultou do pior comportamento relativo da produtividade por empregado e da taxa de desemprego e, em menor medida, da redução da vantagem relativa na taxa de actividade da população“, destaca a FEP, num comunicado.

A previsível revisão em alta da população nos dados do Eurostat irá piorar ainda mais o nível de vida relativo, colocando Portugal abaixo da Roménia, na 6.ª pior posição em 2022 (75,9% da UE), em vez da 7.ª pior nos dados oficiais (77,1%), aponta ainda a FEP.

A instituição realça também que “os sinais de reversão das vantagens relativas temporárias de Portugal desde o início da guerra na Ucrânia, ao nível do turismo (pela imagem de destino bonito e seguro, longe do conflito) e da energia, são claros, pelo que tenderão também a piorar” o nível de vida relativo proximamente.

O estudo da FEP aponta igualmente para “uma forte sobrestimação da queda do número de horas por empregado oficiais entre 2019 e 2022, em Portugal, face à evolução efectiva da jornada de trabalho”.

Isto resulta numa “subida da produtividade horária muito acima da registada na UE”, vinca-se no estudo, citando outros trabalhos sobre teletrabalho que apontam “para um aumento das horas trabalhadas em reflexo de perdas de produtividade, sobretudo a tempo integral, embora haja vantagens, como a conciliação com a vida familiar”.

A FEP aconselha “a realização de inquéritos para aferir as horas de trabalho efectivas, garantindo anonimato”, e defende que “antes de se pensar em descidas adicionais na jornada de trabalho de cariz administrativo, é preciso primeiro garantir que, tanto quanto possível, os horários oficiais actuais são cumpridos, reforçando a fiscalização”.

“A tendência de redução das horas trabalhadas é secular e acentuar-se-á com os avanços tecnológicos, mas tal deverá ser decisão de empresas e trabalhadores, não administrativa”, reforça também a FEP.

O quinto maior esforço fiscal da UE

O estudo mostra ainda que “o peso no PIB dos factores geradores de riqueza encolheu em favor dos impostos e contribuições, ao contrário da UE, ajudando também a explicar o nosso menor crescimento económico, pois é preciso primeiro gerar riqueza antes de a repartir”, segundo a FEP.

A instituição assegura que “a fatia para o Estado tem sido cada vez maior, explicando o máximo de 36,4% do PIB de carga fiscal em 2022 que, após relativizada pelo nível de vida relativo, se traduz num esforço fiscal 17% acima da média da UE, o 5.º maior”.

“No período mais recente, de 2019 a 2022, a carga fiscal subiu de 34,5% para 36,4% do PIB e o esforço fiscal de 109,7% para 116,8%, com as receitas fiscais a serem impulsionadas pelo efeito da inflação sem que o Estado tenha desagravado significativamente a tributação para contrariar esse efeito, em sentido diverso do resto da UE”, conclui o comunicado da FEP.

“Um Estado rico com população pobre”

O director da FEP, o economista Óscar Afonso, comenta os dados deste estudo em entrevista à Rádio Renascença (RR), considerando que Portugal é “um Estado rico com população pobre”.

Óscar Afonso aponta o dedo à elevada carga fiscal e considera que, com uma redução nos impostos, teríamos um maior crescimento económico. Desse modo, o rácio da dívida também cairia.

Com impostos altos, “as empresas fazem menos investimento” e, no caso das multinacionais estrangeiras, “não estão, também, tão propensas a vir para cá”, analisa ainda. Assim, a fuga de talentos do país também vai continuar, como vaticina o economista.

Quanto ao que explica o baixo crescimento económico em Portugal, Óscar Afonso fala em vários factores, designadamente “a taxa de natalidade, que é baixinha”, e a falta de “investimento” e de “tecnologia”.

ZAP // Lusa

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8 Comments

  1. depois da entrevista de ontem dada pelo primeiro ministro só posso achar que esta noticica não corresponde á verdade. ele afirma que está tudo identificado e que estão no bom caminho e aqui dizem o contrario.
    Para os mais distraidos estou a ser ironico!

  2. “Estado rico com População Pobre” ? …..mas en que altura é que isso já era (regra) ??????? …….. Hàáááááá , já sei , no tempo da outra Senhora . Há coisas que não mudam !

  3. Está de parabéns o governo. Os objetivos estão finalmente a ser atingidos! Portugal na cauda da Europa, como era de esperar.
    Nem vale a pena fazer eleições. O nosso futuro está tramado.

  4. Antes fosse ironia. Este governo ( tal como todos os últimos governos) apenas governam para “ficar bem na fotografia”. Ê isso que importa e não a realidade. Vivemos um dia a dia que não tem nada a ver com a imagem que Costa e seus acólitos apregoam de forma autista, mentirosa e patológica.
    Nunca um governo fez tão mal em tão pouco tempo, nos diversos sectores da sociedade ( saúde, educação, justiça, habitação, etc).
    Em extremo poderia a populaça rever-se na Roménia e eliminar Chausesco para mudar o país…
    De forma democrática, quero eu dizer com ironia.

  5. Lamentavelmente os Portugueses são eximios na escolha dos nossos governantes,agora temos os resultado ,em que inflismente está a deixar mais familias na miseria. Um dia destes estamos a emigrar para a Romenia,quem diria !

  6. Quem diria que um dos países mais corruptos da URSS (tempos de Ceaușescu) já nos deixou para trás.
    Que infelicidade, só de pensar que os Vampiros têm melhores sistemas de saúde, educação, justiça, etc. congela-me o sangue.
    Temos realmente que fazer uma nova revolução mas à francesa com guilhotina e tudo.

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