A espécie recentemente descoberta em França tinha oito braços, órgãos que brilham no escuro e ventosas parecidas com as das lulas-vampiro.
Uma equipa de investigadores descobriu uma criatura pré-histórica, que remonta a há 165 milhões de anos, em forma de bala e equipada com órgãos luminescentes, oito braços e ventosas que semelhantes às das lula-vampiro dos oceanos profundos modernos.
Esta recente descoberta, denominada Vampyrofugiens atramentum, ou “vampiro fugitivo”, está detalhada num estudo publicado na Papers in Palaeontology.
A criatura, com cerca de 8 centímetros de comprimento, terá habitado os oceanos abertos e desempenhado o duplo papel de predador e presa. Ao contrário do seu homólogo moderno, que se alimenta de detritos, esta antiga espécie provavelmente capturou peixes vivos, crustáceos e, possivelmente, cefalópodes menores, enquanto era simultaneamente predada por seres aquáticos maiores.
“Era tanto predador como presa“, explica a autora principal do estudo, Alison Rowe, do Centro de Investigação em Paleontologia de Paris.
Notavelmente, o V. atramentum é crucial para compreender a trajetória evolutiva dos cefalópodes coleoides, que abrange espécies como polvos, lulas e chocos. Dado que as criaturas de corpo mole raramente são preservadas como fósseis, traçar a sua linhagem evolutiva torna-se desafiante.
Este espécime em particular foi retirado do renomado sítio fóssil La Voulte-sur-Rhône Lagerstätte, no sudoeste de França. Através de uma sofisticada combinação de raios-X de alta resolução e modelos de computador, Rowe e os seus colegas conseguiram examinar as estruturas internas destes fósseis sem causar qualquer dano, escreve o Live Science.
As características distintas do V. atramentum incluem potenciais órgãos luminescentes e um saco de tinta. Acredita-se que os órgãos luminosos poderiam ter facilitado a comunicação nas profundezas oceânicas escuras e também poderiam ter atuado como um mecanismo de camuflagem, imitando a luz natural da superfície. Se detetado por predadores, o saco de tinta teria sido a sua última linha de defesa.
Embora a bioluminescência combinada com tinta seja observável em espécies contemporâneas, como a lula de vidro, é a primeira vez que é detetada nos registos fósseis de coleoides extintos.
Esta descoberta sugere que a era do Jurássico Médio, que se estende de 174 a 164 milhões de anos atrás, possivelmente abrigava uma variedade mais rica de cefalópodes do que se estimava anteriormente.