Os ataques russos que atingiram na manhã de hoje infraestruturas portuárias no Danúbio “danificaram” perto de 40.000 toneladas de cereais destinados à exportação, anunciou o ministro ucraniano as infraestruturas, Oleksandre Kubrakov.
“Os russos bombardearam armazéns e silos, danificando perto de 40.000 toneladas de cereais destinados a países africanos, China e Israel”, afirmou Oleksandre Kubrakov no Telegram.
O Danúbio foi atingido por ataques de drones russos durante a noite, disse hoje o Gabinete do Procurador-Geral ucraniano, sem especificar que locais tinham sido visados.
Dois pequenos portos fluviais, Reni e Izmail, na região de Odessa, no sudeste da Ucrânia, tornaram-se estratégicos para o transporte de cereais através da Roménia.
Reni já tinha sido bombardeado anteriormente, mas desta vez a investigação foi entregue ao Ministério Público de Izmail, o que parece indicar que a destruição tenha ocorrido neste distrito.
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenzky considerou uma “ameaça para todos, em todos os continente” os ataques lançados contra as instalações portuárias da região de Odessa e acusou a Rússia de terrorismo.
“Os terroristas russos atacaram de novo os portos, os cereais e assim afetam a segurança alimentar mundial“, escreveu o chefe de Estado ucraniano numa mensagem divulgada pelo sistema digital Telegram citada pela agência Ukrinform.
Zelensky acrescentou que “todos os sistemas operacionais anti-aéreos funcionaram de forma efetiva” mas pediu uma “resposta internacional” porque, frisou, os ataques atingem o transporte de cereais para todo o mundo.
O Presidente romeno, Klaus Iohannis, considerou hoje inaceitáveis os “ataques contínuos da Rússia” contra infraestruturas portuárias civis ucranianas no rio Danúbio perto da Roménia.
“Trata-se de crimes de guerra que afetam ainda mais a capacidade da Ucrânia de transferir produtos alimentares para os necessitados em todo o mundo”, em cooperação com a Roménia, disse Iohannis nas redes sociais, citado pela agência francesa AFP.
A Roménia, membro vizinho da NATO, tem ajudado a Ucrânia a vender os cereais desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro de 2022.
O Danúbio, que nasce na Alemanha e desagua no Mar Negro, é uma importante via comercial para vários países europeus, incluindo a Ucrânia e a Roménia.
Os ataques russos das duas últimas semanas, que têm atingido em particular infraestruturas portuárias e sobretudo na cidade de Odessa, seguem-se ao fim do acordo com a Rússia que permitia a exportação de cereais ucranianos em direção aos mercados a partir do porto de Odessa, no mar Negro.
Em julho, o acordo voltou a ser suspenso pelo Kremlin, pondo em causa a segurança alimentar mundial. A Rússia nega que a suspensão seja “vingança” pelos ataques ucranianos à ponte da Crimeia.
“O acordo dos cereais está suspenso”, disse na altura o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. “Infelizmente, alguns dos acordos relacionados com a Rússia ainda não foram cumpridos, então o acordo está a ser terminado”.
O acordo sem precedentes negociado entre a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Turquia no verão passado — para permitir que alimentos deixassem a região do Mar Negro depois da invasão russa — garantia que os navios não seriam atacados quando presentes nos portos ucranianos.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
ZAP // Lusa