A Tesla baixou outra vez os preços. Está a correr bem (por enquanto)

Tesla

O número de vendas da Tesla bateu recorde, no primeiro trimestre do ano. Os cortes recentemente aplicados por Elon Musk têm vindo a surtir efeito. No entanto, os especialistas alertam que os preços baixos poderão não resultar para sempre.

Depois de no início do ano ter baixado o preço do Model 3 em quase 10 mil euros, para os 44.990, a Tesla continua a sua agressiva campanha de redução nos preços para fazer face à crescente concorrência no mercado de veículos elétricos.

Este semana, a marca norte-americana anunciou mais uma significativa redução no custo do Model 3, que deixa o modelo mais acessível da marca abaixo da barreira dos 40 mil euros. O novo preço está já disponível no site da Tesla em Portugal: 39.990€.

A estratégia da marca tem rendido frutos.

Janeiro, Fevereiro e Março foram os melhores três primeiros meses de sempre para a Tesla. Depois das sucessivas reduções de preços, a empresa de Elon Musk registou um aumento de 36% nas vendas do primeiro trimestre de 2023. Foram vendidos 422.875 veículos.

Os modelos mais vendidos são os mais baratos: Model 3 e Model Y.

Segundo o analista da JP Morgan Chase, Ryan Brinkman, esta tem sido, até ao momento, uma estratégia vencedora. Deixa, contudo, um alerta: a empresa vai ter de manter o ritmo para conseguir ter lucro, no final do ano.

“Notamos que uma resposta de demanda de +20% parece necessária para compensar o impacto de uma redução de preço de -10%”, disse o especialista.

Segundo o Insider, objetivo para 2023 é duplicar a produção relativamente ao ano passado e chegar aos 2 milhões de carros fabricados.

No entanto, a Tesla tem enfrentado desafios em todo o setor, entre os quais: taxas de juros mais altas e aumento da concorrência. Motivos pelos quais as estimativas de entrega, este ano, ainda são baixas, revela Brinkman.

Produção versus Preço versus Procura

Apesar dos resultados, para já, animadores, muitos investidores temem que as medidas de preços possam ter um impacto contrário ao esperado.

O fabrico avulso continua a ser um problema.

A Tesla voltou a ver a produção ultrapassar o número de entregas pelo quarto mês consecutivo. Neste trimestre foram produzidos 440.808 veículos. Quase mais 20 mil daqueles que foram vendidos – 422.875. É um problema que continua por resolver, reparam alguns especialistas.

“O excesso contínuo de produção em relação às entregas manterá o debate sobre a elasticidade dos preços versus a fraqueza geral da procura”, disse o analista da Jefferies, Philippe Houchois.

O que conta é o interior (mas não só)

Muitos especialistas também acham que a empresa precisa de se reinventar, no que ao design diz respeito. Por isso, consideram que a redução dos preços poderá não ser uma estratégia suficiente e eficiente.

É sabido Tesla foca muito o seu trabalho nas atualizações e melhorias do software – sendo essa, desde já, a principal aposta da empresa. O objetivo é que os seus clientes tenham experiências de condução cada vez melhores e mais avançadas.

No entanto, há outros fatores importantes, a contribuir para que a empresa consiga permanecer competitiva. Nomeadamente, a aparência dos veículos.
As estratégias no sentido de melhorar nesse aspeto já estão em curso, por exemplo, nos veículos Model 3 e Model Y, cujo design irá ser alterado.

“A longo prazo, continuamos a acreditar que, à medida que a Tesla executa iniciativas de custo e eficiência, na plataforma da próxima geração, a empresa aprofundará o seu fosso competitivo e aumentará a liderança”, diz Emmanuel Rosner, analista do Deutsche Bank.

A conclusão é que a inovação e o sentido estético também são fundamentais para que a empresa continue a ser competitiva. O que conta também é o exterior.

Miguel Esteves, ZAP //

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