Cerca de três meses depois de ter estalado a polémica com a indemnização de meio milhão de euros que recebeu para sair da administração da TAP, Alexandra Reis foi ouvida em Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e não deixou nada por dizer no que se refere à ainda CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, deixando claras as divergências entre ambas.
São vários os episódios que demonstram as diferenças de opinião entre as duas executivas e que terão contribuído para que Christine Ourmières-Widener despedisse Alexandra Reis.
Foi isso mesmo que a ex-administradora da TAP deu a entender aos deputados da CPI ao caso da TAP, apontando que foi a gestora francesa quem decidiu despedi-la.
Alexandra Reis não escondeu os “casos” que a colocaram contra Christine Ourmières-Widener, falando, nomeadamente, do processo em que a TAP poderia ter contratado uma empresa onde trabalha o marido da CEO demissionária.
Este processo comercial decorreu normalmente, como outro qualquer, mas Alexandra Reis notou que manteve a sua equipa “de sobreaviso” e que deu “instruções muito claras” para que a Zamna Technologies, onde o marido da CEO é director comercial, não fosse contratada pela TAP.
“Nunca comentei com ela nem ela me fez qualquer comentário ou recomendação”, tratou de apontar a ex-administradora, assinalando, contudo, o “potencial conflito de interesses“.
Esta empresa britânica cria sistemas digitais que fazem a gestão dos dados dos passageiros das companhias aéreas. Alexandra Reis referiu que a compra desse serviço “não estava orçamentada, não estava prevista e não correspondia sequer a uma necessidade que a TAP tivesse identificado”.
Os directores estrangeiros próximos da CEO
Outro ponto que causou incómodo entre as duas executivas foi a contratação de vários directores estrangeiros, com salários mais elevados do que os demais funcionários equiparáveis, por parte de Christine Ourmières-Widener.
“Foram contratadas, antes da minha saída, pessoas que não têm nacionalidade portuguesa e que têm de mudar a sua vida para Portugal, o que tem custos extra, e implica subsídios para a casa e deslocação“, revelou aos deputados.
Estes profissionais seriam de regiões como Reino Unido, França e América do Sul. E “alguns directores para algumas áreas, eram transparentes no tipo de relação que tinham com a CEO”, destacou Alexandra Reis, realçando que, “sobretudo os franceses”, mantinham muita proximidade com a CEO.
O motorista que quase foi despedido
Na CPI, Alexandra Reis também abordou o caso de um motorista que quase terá sido despedido por ter comentado que a CEO usava os carros da TAP para serviços pessoais.
“Houve uma situação com um motorista que terá partilhado com alguma candura que outro motorista estava a fazer uma deslocação não directamente para a CEO”, apontou a antiga administradora da TAP.
Na mesma altura, e segundo o relato de Alexandra Reis na CPI, Christine Ourmières-Widener “deu nota que um dos motoristas não estava vacinado contra a Covid-19 e que não podia continuar na empresa a exercer funções”. “A situação foi contornada, fiz a gestão do tema e o rapaz decidiu vacinar-se”, salientou a ex-administradora.
“Esse rapaz que não estava vacinado e o que falou sobre o uso do carro da empresa pela CEO para questões pessoais eram a mesma pessoa”, destacou ainda.
A mudança de sede
A mudança de instalações da TAP para o antigo edifício dos CTT, no Parque das Nações, em Lisboa, foi outro motivo de desavença entre as duas gestoras.
“Mostrei sempre muitas reservas à mudança de sede. A TAP paga zero [euros] pelo edifício no qual está agora e mudar iria exigir pagar rendas”, notou Alexandra Reis. A TAP pagaria uma renda anual de quase quatro milhões de euros na nova sede.
“Causou-me estranheza num momento em que a empresa iria ser privatizada estabelecer um contrato de longo prazo que só a onera, não havendo necessidade objectiva”, referiu também.
Todo este relato de Alexandra Reis demonstra a difícil convivência na TAP entre as duas gestoras.
De resto, Christine Ourmières-Widener já tinha assumido, na sua audição na CPI, que Alexandra Reis “não estava ajustada com a comissão executiva” e que tinha sido despedida devido a um “desalinhamento que tinha a ver com a estratégia da companhia”.
Nunca vi um texto, em que referindo-se a homens, se escrevesse desta forma “diferenças de opinião entre as duas mulheres”. Quando são homens nunca se referem assim… O meu comentário não tem nada a ver com o conteúdo da notícia, mas para que enquanto sociedade, observarmos o que nos vai no subconsciente
Caro leitor,
Obrigado pelo reparo.
O termo “mulheres” foi substituído pelo termo “executivas”.
Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades
Mas ambas até poderiam vir a ser readmitidas. Tal é a fragilidade da garotada que comandou e comanda a TAP. Esta gentalha tem que ser responsabilizada judicialmente e/ou eleitoralmente.
Sempre fiquei estupefato com as famosas , “comichões de inquéritos” , que não passam de un simulacro de Tribunal faz de conta . Como se no Universo de 167 Deputados , que tem como função de escrutinar e obrigar a esclarecer as duvidosas situações a tempo e horas , convocam tarde demais , e quando o “mal” está mais que feito , os protagonistas dos “esquemas” dolosos para nós contribuintes e lucrativos para os “interessados” nesta vergonhosa negociata que é a TAP ! receio que este País jamais tenha um rumo digno e Justo e isso , qualquer que sejam os Políticos vindouros , para Governar ou continuar a Governarem -se , como tão bem sabem fazer !
Nesta bagunçada de garotos tudo é possível . Portugal abdica da democracia, da seriedade, da responsabilidade, da verdade e transparência, para colocar o poder na mão de coladores de cartazes de pequena condição. O presidente da republica, mau grado o problema das eleições, teria e terá obrigação de procurar outros governantes . Sejamos homens e honestos , se queremos sair da crise miserabilista onde estamos a cair.