South Tyrol Museum of Archaeology
Um novo estudo revelou que Ötzi, o Homem do Gelo, tinha uma linhagem familiar única. Isto porque tinha ascendência totalmente diferente dos seus amigos mais próximos.
Uma nova análise do ADN antigo de 15 pessoas que viveram nos Alpes italianos na mesma altura que Ötzi, o Homem de Gelo, mostra que a sua ascendência era diferente da dos seus amigos.
À margem de um estudo publicado recentemente na Nature Communications, a equipa do Instituto de Estudos de Múmias em Bolzano, Itália, analisou os genomas de 47 pessoas que viveram nos Alpes, entre o Mesolítico e a Idade do Bronze Média, cerca de 6400 a 1300 a.C., para saberem mais sobre a sua ascendência.
O indivíduo mais famoso que examinado foi Ötzi, que viveu há 5300 anos nos Alpes, antes de ser assassinado em circunstâncias misteriosas. O seu cadáver mumificado e congelado foi descoberto por turistas em 1991.
Dado que um estudo anterior concluiu que Ötzi tinha “uma ascendência invulgarmente elevada de agricultores da Anatólia”, os investigadores quiseram investigar se os vizinhos do Homem de Gelo – que viveram nos Alpes na Idade do Cobre, entre 3368 e 3108 a.C. – tinham uma ascendência semelhante ou se estavam mais ligados a grupos de caçadores-recolectores da Estepe euro-asiática.
A análise dos genomas antigos revelou que a maioria dos povos alpinos pré-históricos tinha uma elevada proporção de ascendência de agricultores da Anatólia (80% a 90%) e uma baixa proporção de ascendência de caçadores-recolectores. A maioria destes povos apresentava também uma estrutura genómica e uma ascendência semelhantes, escreveram no estudo.
A linhagem única de Ötzi
Como detalha a Live Science, os dados do cromossoma Y, que ajudam a traçar a linhagem paterna, revelaram que quase todos os homens testados partilhavam uma ascendência semelhante à encontrada na Alemanha e em França pré-históricas.
No entanto, Ötzi tinha, pelo contrário, uma linhagem paterna diferente que estava mais disseminada – escreveram os investigadores.
A linhagem materna de Ötzi nunca foi identificada noutros indivíduos antigos ou modernos; e não foi encontrada em nenhum dos outros povos alpinos analisados no estudo.
“Não temos informações sobre o grupo cultural a que o Homem do Gelo poderá ter pertencido”, escreveram os investigadores, citados pela Live Science. “Por isso, as nossas descobertas continuam a deixar em aberto algumas questões sobre a origem genética e a filiação cultural deste indivíduo enigmático”.
