Esqueleto analisado por especialistas ingleses deverá ser da solitária e eremita Lady Isabel German, do século XV.
Lady Isabel German foi uma anacoreta conhecida no século XV. Anacoreta é uma pessoa que vive na solidão, que se dedica exclusivamente à religião. Uma eremita.
Viveu na Igreja de Todos os Santos em York, no Reino Unido, sempre dentro desse espaço religioso, aparentemente sem qualquer contacto com outros humanos. Pelo menos, contacto directo.
Dedicou-se à oração e viveu da caridade de outras pessoas.
O seu esqueleto, descoberto há 16 anos, foi agora desenterrado por arqueólogos da Universidade de Sheffield e do Oxford Archaeology.
O estudo avaliou 667 esqueletos completos datados da era romana, medieval e da Guerra Civil. Foi utilizada datação por radiocarbono e investigação isotópica.
Mas Lady Isabel German não estava ao lado dos outros esqueletos daquela “colecção”. Mas mais estranho é ter sido enterrada numa posição bem agachada. Posição fetal. Numa sala atrás do altar.
É uma posição extremamente incomum para o período medieval, recorda a equipa de arqueólogos.
A mulher sofria de artrite séptica e também sífilis venérea avançada. Teria sintomas graves e visíveis de infecção em todo o corpo e, posteriormente, declínio neurológico e de saúde mental.
E esta parte não é um pormenor: naquela época, a medieval, se alguém tivesse uma doença visível, a sociedade olhava para essa pessoa como alguém que tinha sido castigado por Deus.
Poderíamos pensar que esta mulher preferiu ser (ou foi forçada a ser) anacoreta para fugir da sociedade.
Mas “a sua doença grave também pode ter sido vista positivamente: era uma enviada por Deus para conceder o estatuto de mártir a alguém especial”.
Os cientistas acreditam, após este estudo, que Lady German escolheu ficar sozinha para permanecer autónoma e para controlar o seu próprio destino.
E seria “uma figura altamente significativa na comunidade local, seria vista quase como uma profetisa viva“, lê-se em comunicado da Universidade de Sheffield.