O rapper iraniano Saman Yasin, de 27 anos, enfrenta a pena de morte por ser um “inimigo de Deus”. Detido durante protestos contra o regime depois da morte da jovem Mahsa Amini, o artista terá sido “severamente torturado”.
Saman Yasin foi acusado de “moharabeh”, ou seja, de ser “um inimigo de Deus”, o que lhe pode valer uma pena de morte.
Foi detido em casa de forma “violenta” pelas autoridades iranianas, segundo o The Guardian, depois de ter participado nas manifestações anti-regime, no seguimento da morte de Mahsa Amini, e de ter assumido essa posição de protesto nas redes sociais.
O rapper é uma de entre centenas de pessoas que foram detidas nos protestos e que também enfrentam penas de morte.
A ONU acredita que foram detidas cerca de 14 mil pessoas, incluindo crianças, desde que se iniciou uma onda de manifestações no Irão, na sequência da morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que estava sob custódia policial, depois de ter sido detida pela “polícia da moralidade” por uso incorrecto do véu.
Os tribunais iranianos vão decidir os seus destinos nos próximos dias enquanto as organizações de direitos humanos vão deixando apelos.
As autoridades iranianas já anunciaram que vão fazer julgamentos públicos e teme-se que venha aí uma onda de execuções e de prisões perpétuas, em jeito de aviso para os que continuam a protestar. Figuras como Saman Yasin podem ser usadas como exemplos.
O rapper é conhecido no Irão pelas suas canções de protesto contra a pobreza e a injustiça.
Rapper terá sido “severamente torturado”
Saman Yasin terá sido “severamente torturado” e a “família não sabe nada sobre ele”, revelou, a 8 de Novembro passado, o jornalista freelance Kaveh Kermanshahi, numa publicação no Twitter.
#سامان_یاسین (صیدی)، هنرمند کُرد با زبانی اعتراضی از فقر و بیعدالتی میخواند. او را به خاطر حضور در اعترضات تهران در دادگاه ناعادلانه و بدون وکیل به “محاربه” متهم کردهاند. او به شدت شکنجه شده و جانش در خطر است. خانوادهاش از او هیچ اطلاعی ندارند. نامش را تکرار کنید: #SamanYasin pic.twitter.com/2YEm1tCGRm
— Kaveh Kermanshahi (@KavehKermashani) November 8, 2022
Nas redes sociais, uma corrente de apoio torce pela vida de Saman Yasin, com apelos à comunidade internacional para intervir.
Também são divulgadas imagens que mostram o momento em que o rapper foi confrontado, em tribunal, com a pena de morte como possível sanção.
A judge has ordered the execution of 27-year-old Kurdish rapper Saman Yasin for supporting the protests in Iran.
This is moment he was told he would be put to death. Horrific. Pressure must be put on the Iranian regime to save his life. pic.twitter.com/DSN2qOLQEz
— Matt Kennard (@kennardmatt) November 9, 2022
Entre os detidos pelos protestos está também outro rapper, Toomaj Salehi, de 32 anos. Amigos e familiares de Salehi alegam, através do The Guardian, que também ele foi alvo de “tortura severa” por ter divulgado canções de apoio aos protestos e de ter publicado imagens com slogans contra as forças de segurança iranianas.
Uma amiga de Salehi pede, neste jornal, aos líderes da comunidade internacional para que “responsabilizem a República Islâmica pelos seus crimes contra a humanidade” e para que todo os detidos sejam libertados.
“Sabemos que querem traumatizar-nos ainda mais e incutir-nos medo“, refere ainda esta fonte, salientando que “o regime brutal da República Islâmica está a prender críticos e civis inocentes e a violar as suas próprias leis”.
Morte de Mahsa Amini
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