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“Roubos para comer”. Supermercados já colocam alarmes em latas de atum

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O aumento do custo de vida é claro para todos, mas assume contornos dramáticos com dados que revelam que os “roubos para comer” estão a aumentar nos supermercados. Em algumas cadeias alimentares, já se colocam alarmes em produtos como latas de atum, garrafas de azeite e bacalhau.

As pessoas “estão desesperadas e escondem na mala ou no casaco pacotes de leite ou latas de atum para comer ou dar aos filhos”, revela ao Expresso o presidente da Associação Nacional de Vigilância e Segurança Privada (ANVSP), Cláudio Ferreira.

Este profissional refere que, “nos últimos dois a três meses, nota-se um aumento muito significativo dos furtos de alimentos por parte de pessoas que já não conseguem sobreviver com o seu salário ou pensão”.

Cláudio Ferreira repara que, antigamente, os roubos envolviam, sobretudo “o álcool ou os produtos de beleza e de higiene” que eram sempre “praticados pelo mesmo tipo de cliente” – “eram quase sempre os mesmos” -, nota já em declarações à Rádio Antena 1.

Agora, os roubos envolvem, sobretudo, “produtos para comer”, “atum, azeite, óleos, frangos, bifes ou fêveras, arroz, iogurtes para as crianças e pacotes de leite”, refere.

“Há muitos idosos a tentar levar pão”

O perfil de quem rouba também mudou, nota o dirigente da Associação que representa os seguranças privados, sendo agora “clientes que antigamente eram clientes normais e que, agora, não têm como comprar as comidas e tentam furtar”.

Cláudio Ferreira revela à Antena 1 que, recentemente, um colega segurança apanhou “um casal que, habitualmente, fazia as suas compras para os filhos, pagava sempre, com alguma dificuldade, mas pagava, e que agora estava a furtar e a tentar sair sem pagar”.

O segurança Edson Alves que trabalha num supermercado da Areo­sa, no Porto, conta ao Expresso que tem “apanhado muitos idosos a tentar levar pão, salsichas ou atum“.

“Há pouco tempo vi um idoso a tentar roubar batatas e uma senhora de idade a esconder pastéis de bacalhau no bolso. Quando a abordei, pediu muita desculpa e explicou que tinha fome”, relata Edson Alves.

“E há mulheres com filhos que dizem que já não têm como lhes dar de comer. É muito triste. Chego a dizer-lhes: ‘Prefiro que me peçam. Não sou rico, mas posso oferecer alguma coisa.’ E eu próprio vou à caixa pagar”, conta ainda o segurança, frisando que “são casos de necessidade que dão muita pena” e que, quando assim é, nem são reportados à polícia.

Assim, os dados oficiais das tentativas de roubo serão ainda superiores aos números conhecidos. O Expresso refere que, nos primeiros seis meses deste ano, já foram participados à polícia “452 furtos em super e hipermercados“, o que dá “uma média de 2,5 por dia“. A realidade será ainda pior.

Alarmes em latas de atum azeite e bacalhau

O director-geral da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED), Gonçalo Lobo Xavier, sublinha ao Expresso que “é um fenómeno que está a subir bastante, sobretudo desde o início de Setembro e em particular nos grandes centros urbanos de Lisboa e do Porto“.

“Não há nenhuma dúvida que são roubos para comer. É o primeiro sintoma de uma grave crise social“, aponta Lobo Xavier que pede mais apoios do Governo para as famílias.

Perante o aumento dos furtos, há supermercados que já estão a colocar alarmes em produtos alimentares básicos, como latas de atum, garrafas de azeite, bacalhau e salmão congelados.

Mas entre quem furta também há quem roube produtos “para depois os vender a preço mais baixo no mercado negro“, como relatam ao Expresso funcionários do Auchan.

ZAP //

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7 Comments

  1. No Porto há cada vez mais gajos com porsches ……………………..o que falta a uns, chega em abundância a outros.
    Sabe-se lá onde vão buscar tanto dinheiro para tanto luxo…….

  2. Ao contrário do que alguns querem, a inflação que está na origem desta crise não tem nada a ver com a guerra na Ucrânia, mas sim com as sanções impostas à Rússia. São elas que levaram ao aumento do preço da energia e, por arrasto, ao aumento de muitos preços. Como as sanções contra a Rússia não servem para nada – não tendo levado a Rússia a desistir da invasão da Ucrânia – podem facilmente ser levantadas, o que imediatamente reduziria a inflação. Só a estupidez dos governos europeus e a sua submissão aos EUA impedem que as sanções sejam levantadas.

    • Concordo a 100% , ainda mais que esta Guerra foi Gerada Pelos Americanos usando Ucrânia como Conflito e assim aumentar a economia americana e destruir a economia europeia o que já conseguiu.
      O Que mais me Repugna é que não dinheiro para acabarem com a fome em Africa ou outros Países, mas há Biliões para enviar para a Guerra.
      E nem sabemos o Destino desses Biliões que Zelensky está a Receber

  3. Para as pessoas não fazerem estas coisas, os preços dos produtos têm de baixar drasticamente, e o Governo não pode continuar a dar apoios miseráveis, migalhas inúteis. Tem de fazer mais pelo povo, para que o problema ilustrado na notícia não persista. Mas, dado o desespero do povo, que outra via existirá?
    Votem na Esquerda, e terão miséria para o resto das vossas vidas!

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