Os produtores de leite estão aflitos com o aumento nos custos de produção, sobretudo devido à subida nos preços das rações que dão aos animais. E há quem lamente que “há 15 anos” se recebia “mais pelo leite” do que actualmente.
“Há 15 anos, o meu pai recebia mais pelo leite do que eu recebi em 2021″. O lamento é do produtor de leite António Campos que tem uma exploração em Gondifelos, Famalicão, no distrito de Braga.
Em declarações ao Jornal de Notícias (JN), este produtor queixa-se de que, só em rações, está a gastar “mais 7800 euros por mês” devido ao aumento do preço do grão. “Era a 320 euros a tonelada e agora está a 560 euros”, queixa-se.
O produtor entrega, diariamente, 3500 litros de leite à Agros e diz ao JN que em 2021, produzir um litro de leite lhe custou 33,7 cêntimos quando o preço médio de venda foi de 29,98 cêntimos.
Mas, em 2007, o pai, que começou a exploração de leite em 1989, recebia 39,40 cêntimos. Portanto, em 15 anos, o preço por cada litro de leite caiu 10 cêntimos, como lamenta António Campos.
O nutricionista Rui Cruz explica ao JN que produzir um litro de leite custa, nesta altura, entre “40 a 50 cêntimos”.
“Para ter uma ideia, só por causa do anúncio do recrutamento russo, a tonelada de soja subiu de 550 para 650 euros”, o que encarece os custos de produção. Mas é preciso contar ainda com “tudo o resto”, nomeadamente, electricidade, gasóleo e fertilizantes, atesta Rui Cruz.
“Se as pessoas querem leite de qualidade, no mínimo, o produtor tem de receber 50 a 55 cêntimos e, mesmo assim, alguns vão fechar“, acrescenta o nutricionista.
Quanto a António Campos, só consegue ter um negócio rentável porque é um “homem dos sete ofícios”. Além de produtor de leite, também é electricista, mecânico e agricultor, mantendo jornadas de trabalho de 12 a 14 horas por dia, sem folgas ao fim-de-semana, como relata ao JN.
Para “poupar mais algum”, António Campos conta com a ajuda da mulher e do filho de 15 anos.
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