A lava que está a ser expelida pelas sete bocas da erupção vulcânica que assola desde domingo passado a ilha cabo-verdiana do Fogo já chegou à localidade de Portela, principal povoação de Chã das Caldeiras.
Em declarações à agência Lusa, Hélio Semedo, geólogo do Instituto Nacional de Proteção Civil e Bombeiros (INPCB) de Cabo Verde, adiantou que às 6h locais (7h em Lisboa), as duas principais torrentes de lava estavam a “apenas dois metros” da primeira habitação da povoação de Portela e a 30 do Hotel Pedra Brava.
Segundo o mesmo especialista, o aumento da velocidade de deslocação da lava “deve-se à intensificação da atividade vulcânica registada no final de terça-feira e que se prolongou pelas primeiras horas de hoje, sendo já sete as bocas por onde está a ser expelida e várias as ‘linguiças’ (pequenos rios) que entretanto se foram criando, aproveitando a orografia do terreno”.
O diretor de operações da Proteção Civil e Bombeiros de Cabo Verde, Nuno Oliveira, adiantou à Lusa que a lava já ultrapassou também a “barreira natural” de dois metros que “murava” a entrada de Portela, aumentando o risco de destruição daquela localidade.
Cerca de uma centena de agentes das forças policiais está no local a garantir a segurança de Portela, com um comando e acampamento montados na escola da localidade, onde permanece também uma outra centena de habitantes para tentar salvar o maior número possível de bens da população local.
Nuno Oliveira relatou que vários jovens reuniram-se e juntaram familiares para os ajudarem a salvar os objetos pessoais dos habitantes da localidade, havendo mesmo mulheres a dormir na encosta norte da cratera de Chã das Caldeiras, junto dos bens que conseguiram resgatar, entre os quais mesas, colchões, portas, janelas e animais de criação, como porcos, cabras e galinhas.
Enquanto isso, adiantou Nuno Oliveira, duas retroescavadores estão a operar na zona norte da cratera para abrir uma via rodoviária alternativa em direção à povoação de Mosteiros, no norte da ilha, para permitir o acesso à zona em risco.
Para se inteirar da situação, o primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, deslocou-se ao Fogo, numa pequena avioneta com outras 19 pessoas, entre as quais membros do Governo e deputados, assim como dois vulcanólogos do Instituto Tecnológico de Energias Renováveis das ilhas Canárias (Espanha), que irão efetuar testes aos gases libertados pelo vulcão, para determinar os níveis de toxicidade do ar, devido à libertação de elevada quantidade de dióxido de enxofre para a atmosfera.
/Lusa