O antigo presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, alertou que a União Europeia (UE) tem de continuar a caminhar para a “idade adulta” do ponto de vista da sua Defesa e Segurança.
“A Europa não pode ser uma associação supranacional de escuteiros”, disse, reforçando que a UE “foi feita para defender os europeus e não podemos acreditar que pode fazer isso só pela via pacifista”.
Barroso, citado pelo Observador, lembrou que privou várias vezes com Putin e que não está a ver um “desfecho aceitável” para a guerra na Ucrânia a “curto prazo”.
“Do que conheço de Putin é uma ilusão pensar que ele vai aceitar uma derrota (…) A Rússia tem muitos meios que ainda não utilizou”, referiu, notando: o presidente da Federação Russa “não estava à espera de uma tão grande resistência do povo ucraniano nem de uma resposta tão unida da Europa”.
Sobre uma adesão de Kiev à UE, disse que “a Ucrânia não está preparada para aderir. Não cumpre os critérios de Copenhaga. Não reúne as condições políticas e económicas para aderir”, defendendo que Bruxelas não deve “baixar os standards para ser membros”
Níveis de radiação normais
O Ministério da Defesa russo e o operador energético estatal ucraniano Energoatom confirmaram no domingo a normalidade nos níveis de radiação da central nuclear de Zaporíjia, cenário de combates há semanas no quadro da invasão russa da Ucrânia.
“Atualmente, o pessoal técnico supervisiona o estado técnico da central nuclear a tempo inteiro e assegura o seu funcionamento”, disse o Ministério da Defesa russo, num comunicado distribuído pela agência TASS. “A situação da radiação na área da central nuclear continua normal”, acrescentou.
Todavia, Moscovo denunciou novos ataques ucranianos contra as instalações, especificamente a queda de dois projéteis de artilharia que caíram perto do reator número 06 e uma estação de bombeamento para arrefecer a central, respetivamente.
A Ucrânia não respondeu a estas acusações mais recentes e limitou-se a denunciar novos ataques russos nas proximidades da central, conforme relatado pelas autoridades locais num comunicado divulgado pelo portal ucraniano de notícias Golos.
The day has come, @IAEAorg‘s Support and Assistance Mission to #Zaporizhzhya (ISAMZ) is now on its way. We must protect the safety and security of #Ukraine’s and Europe’s biggest nuclear facility. Proud to lead this mission which will be in #ZNPP later this week. pic.twitter.com/tyVY7l4SrM
— Rafael MarianoGrossi (@rafaelmgrossi) August 29, 2022
Esta segunda-feira, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, disse que “está a caminho” a tão esperada missão de especialistas do órgão de vigilância da Organização das Nações Unidas (ONU) à central nuclear de Zaporijia.
“Chegou o dia”, escreveu Grossi no Twitter, acrescentando que a “missão de apoio e assistência da AIEA, com sede em Viena, está agora a caminho”. “Devemos proteger a segurança da maior instalação nuclear da Ucrânia e da Europa”, indicou, acrescentando: “orgulhoso de liderar esta missão que estará no ZNPP (central nuclear de Zaporijia, na sigla em inglês) no final desta semana”.
A situação nas proximidades da central foi um motivo de preocupação internacional nas últimas semanas, depois dos recentes bombardeamentos nas imediações, sobre os quais Moscovo e Kiev se acusam mutuamente, e que suscitaram alarmes sobre um possível acidente nuclear.
Rússia planeia mobilizar 90.000 efetivos militares
O subchefe dos serviços de informações militares ucranianos, Vadym Skibitsky, afirmou numa declaração que a Rússia está a aumentar as reservas das Forças Armadas e planeia mobilizar 90 mil efetivos militares.
Segundos os serviços secretos ucranianos, Moscovo está a utilizar diferentes abordagens, desde os chamados batalhões voluntários aos da reserva militar de combate do país, que estão agora a recrutar em cada distrito militar.
O objetivo, de acordo com Vadym Skibitsky, é repor as baixas russas, reforçar os seus esforços no terreno, e aumentar o número de tropas que podem ser mobilizadas a lutar contra a Ucrânia.
Rússia a “obstruir acordo sobre armas nucleares”
A Austrália e a Nova Zelândia acusaram a Rússia de obstruir a conferência de revisão do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP), após Moscovo rejeitar críticas à ocupação da central nuclear de Zaporijia, na Ucrânia.
“A Rússia tem impedido deliberadamente o progresso. As suas acções desafiam diretamente os princípios fundamentais do TNP”, disse a ministra dos Negócios Estrangeiros australiana, Penny Wong, num comunicado divulgado no domingo, referindo-se ao tratado multilateral vinculativo que procura o desarmamento nuclear.
Wong lamentou também que, após quatro semanas de negociações do TNP em Nova Iorque, que teriminaram sexta-feira sem acordo, a Rússia fosse o único país “a opor-se a um resultado significativo e equilibrado sobre os três pilares do tratado: desarmamento, não-proliferação e utilizações pacíficas da energia nuclear”.
O ministro do Desarmamento e Controlo de Armas da Nova Zelândia, Phil Twyford, acusou a Rússia de “sabotagem diplomática” do TNP, assinado por 191 nações, “numa altura de incerteza e insegurança global” marcada, entre outros acontecimentos, pela invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro.
Proibição de vistos para todos os cidadãos russos
Depois de no domingo o Financial Times ter revelado que a UE estar-se-ia a preparar para suspender o acordo para emissão de vistos com a Rússia, o chefe da diplomacia, Josep Borrell, disse em entrevista à televisão austríaca que é muito improvável que isso aconteça.
Segundo Borrell, citado pela Reuters, para que a medida possa ser implementada é necessária a unanimidade de todos os ministros das Relações Exteriores da UE. “Não acho que cortar o relacionamento com a população civil russa ajude e não acho que essa ideia tenha a unanimidade necessária”, assumiu Borrell.
“Acho que temos que rever a forma como alguns russos obtêm visto, certamente os oligarcas não. Temos que ser mais seletivos. Mas não sou a favor de parar de entregar vistos para todos os russos”, acrescentou.
Rússia está a reconstruir o teatro de Mariupol
Moscovo está a reconstruir o teatro Mariupol para cobrir crimes de guerra, anunciou um conselheiro do presidente da Câmara da cidade, Petr Andriushchenko, citado pelo Guardian, indicando que as forças de Moscovo estão a reconstruir o edifício, usando o seu “valor histórico” como pretexto.
“Os ocupantes escondem os seus próprios crimes de guerra… Têm pressa em eliminar todos os vestígios e provas através de uma “reconstrução” sob o pretexto de “valor histórico”. O único valor histórico surgiu quando caíram lá duas bombas. E é este valor histórico que os ocupantes estão agora a tentar esconder”, disse.
O Teatro Drama de Mariupol, no centro da cidade, foi bombardeado em março. O local abrigava centenas de civis. De acordo com as autoridades locais, na sequência do ataque morreram 300 pessoas. Mas, segundo uma investigação da Associated Press, o número de mortos terá superado os 600.
Guerra na Ucrânia
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A Europa “não pode ser uma associação supranacional de escuteiros. E não é!
A Europa é uma organização mercantil cujo objetivo 1º é o lucro, liderada por políticos que estão muito mais preocupados com a sua realidade nacional e a próxima eleição do que em construir uma Europa forte e autossuficiente.
Da forma como existe, a Europa tem os dias contados em tudo o que não seja vender carros ou cerveja. É impossível atender às vontades e quereres dos políticos de quase 30 países em matérias que sejam realmente importantes.
A Europa é uma patetice que, sendo ameaçada militarmente, reage com sanções económicas e espera que os EUA ajudem no resto.