A DECO detectou um aumento no número de pedidos de informação e reclamações de consumidores que se sentiram enganados com vendas em excursões organizadas, alerta a associação esta quinta-feira.
“Ao longo dos últimos meses, a DECO verificou um aumento do número de reclamações de consumidores defraudados com algumas compras realizadas no decorrer de excursões organizadas”, refere a Associação para a Protecção dos Direitos do Consumidor, numa nota informativa.
Desde o final de 2013 até à data actual, os serviços da associação receberam mais de 200 pedidos de informação e queixas de pessoas que tinham adquirido produtos no âmbito de viagens organizadas, muitas das quais com intenção de renunciarem a essas compras, mas sem sucesso, indicou à Lusa uma jurista da DECO, Ana Martins.
Em causa estão viagens realizadas a preços reduzidos, quase sempre a Espanha, nas quais os clientes se comprometem a assistir a sessões de vendas, mas sem obrigação de fazer compras. “No entanto, como estas acções são agressivas, muitas vezes as pessoas acabam por adquirir todo o tipo de produtos”, explicou a mesma responsável.
O problema surge quando os clientes se comprometem a pagar montantes elevados, muitas vezes através de contratos de crédito ou cheques pré-datados, e mais tarde fazem contas e percebem que não têm condições para cumprir. Ou então quando comparam a qualidade dos produtos e entendem que não justifica o preço, acrescenta a DECO.
No entanto, quando estes consumidores contactam a empresa responsável pelas vendas para denunciarem o contrato no prazo legal de 14 dias após a assinatura ou a recepção dos produtos, ficam sem resposta. “Acreditamos que este aumento do número de reclamações, que atingiu um pico no último Verão, está muito relacionado com a crise e também com o encerramento de muitas destas empresas”, sublinha a jurista.
Entre os clientes que contactaram a DECO neste último ano inclui-se o caso de um consumidor que tinha adquirido uma excursão a Espanha pelo valor de 50 euros, mas durante a viagem se comprometeu a fazer compras no valor de 1.970 euros. Entre os produtos adquiridos estavam um fogareiro, dois colchões de cama, um aspirador e uma panela de pressão, entre outros bens, mostra a cópia do contrato a que a Lusa teve acesso.
No entanto, quando este cliente tentou contactar a empresa em causa para renunciar à compra e pedir os 400 euros já pagos como sinal, poucos dias após a excursão, os números de contacto estavam desactivados.
Grande parte das reclamações que chegaram à DECO têm como alvo as empresas Terra Nostra, À Portuguesa e Alentejana, esta última a trabalhar em parceria com a agência de viagens Bem Bolado. Destas três, a À Portuguesa e a Terra Nostra fecharam e “as pessoas ficaram sem saber para onde se podem virar”, relata Ana Martins.
No entanto, a mesma responsável acredita que no mercado português “existem muitas mais empresas do mesmo género” e por isso apela aos consumidores para que estejam atentos quando adquirem uma destas excursões.
/Lusa