Homens detidos por tentarem vender crianças. Muitos moçambicanos acreditam que albinos são “maldição para a família”, descreve o antigo líder do PSD.
A polícia moçambicana deteve um pai e o seu irmão, quando tentavam vender três filhos albinos na província de Tete, centro de Moçambique, disse hoje à Lusa o porta-voz da corporação.
Luciano da Câmara afirmou que dois supostos intermediários do negócio também foram detidos.
Câmara declarou que as crianças, com 10, 13 e 16 anos, foram tiradas de casa e mantidas num cativeiro, enquanto decorriam as negociações com os intermediários.
A venda seria feita por 2,5 milhões de meticais (cerca de 38 mil euros), acrescentou.
“Fizemos diligências e localizamos os dois intermediários em Angónia, que confirmaram o negócio”, declarou Luciano da Câmara.
Câmara adiantou que agentes da polícia simularam estar interessados na compra das três crianças para poderem chegar ao cativeiro, após receberem uma denúncia de que o pai e o tio pretendiam vender as vítimas.
Os suspeitos pretendiam transacionar as crianças a compradores do Maláui, onde seriam alegadamente mortas e os seus órgãos usados em supostos tratamentos supersticiosos em pessoas que acreditam que esse tipo de rituais dá boa sorte e saúde, referiu o porta-voz da polícia na província de Tete.
Em algumas zonas de Moçambique, é frequente a morte de albinos para fins obscurantistas.
O albinismo é uma doença genética caracterizada pela ausência total ou parcial de pigmentos na pele, cabelos e olhos.
Rui Rio conhece o contexto
Rui Rio esteve em Moçambique há pouco tempo e ficou a par deste contexto criminoso e inacreditável para muitos. “Um horror“, lamenta no Twitter.
“Na minha recente deslocação a Moçambique tomei contacto com esta brutal realidade em reunião com a Kanimambo. Muitas pessoas com albinismo são perseguidos e mortos, pelo facto de muita gente acreditar que o seu aparecimento constitui uma maldição para a família. Um horror!”, escreveu o antigo líder do PSD.
ZAP // Lusa