Alexandra Skochilenko, artista e dissidente russa, tornou-se recentemente um símbolo da crescente repressão contra o movimento de protesto anti-guerra na Rússia. Enfrenta agora até 10 anos de prisão por trocar algumas etiquetas de preço num supermercado por mensagens anti-guerra.
Alexandra Skochilenko foi detida por substituir etiquetas com preços num supermercado por mensagens de protesto contra a invasão russa da Ucrânia.
Segundo a VICE, a artista pode agora enfrentar até dez anos de prisão, acusada de divulgar “notícias falsas” sobre o exército russo.
O tribunal distrital de Vasileostrovsky, em São Petersburgo, ordenou que Skochilenko deve ficar em prisão preventiva até 31 de maio. A artista pode enfrentar uma pena grave se for considerada culpada, variando entre uma multa de três milhões de rublos a cinco a dez anos de prisão.
A equipa de defesa jurídica de Skochilenko disse ao portal que as intenções da artista não eram desacreditar o exército russo, mas expressar a sua genuína opinião pessoal de uma forma que não representasse qualquer ameaça para o público.
Skochilenko tem uma doença celíaca grave e precisa de medicação para a sua doença bipolar. No entanto, as autoridades recusaram-se a transferi-la para prisão domiciliária e, segundo alguns relatos, estão a negar-lhe os medicamentos de que necessita.
Absolutely insane. St. Petersburg artist Alexandra Skochilenko is placed in remand prison pending felony prosecution for spreading “false information” about Russia’s military by swapping in war facts on price tags at a local grocery store. A customer reported her to the police. pic.twitter.com/noDIeHIZOj
— Kevin Rothrock (@KevinRothrock) April 13, 2022
A VICE escreve que muitas mulheres foram inspiradas por um canal de Telegram, chamado “Resistência Feminista Anti-Guerra“, uma comunidade de língua russa com 34 mil assinantes cujos atos de resistência são anónimos.
As ações vão desde encorajar funcionários públicos a fazer greve à distribuição de folhetos e jornais anti-guerra.
“O feminismo como força política não pode estar do lado de uma guerra de agressão e ocupação militar”, escreve o grupo, no seu manifesto. “O movimento feminista na Rússia luta por grupos vulneráveis e pelo desenvolvimento de uma sociedade justa com igualdade de oportunidades e perspetivas, na qual não pode haver lugar para a violência e os conflitos militares.”
O advogado de Skochilenko garantiu que a artista não se identifica como membro do movimento. Também a poetisa russa Daria Serenko, uma das poucas faces públicas do grupo, disse à VICE que Skochilenko não era filiada da “Resistência Russa Anti-Guerra”.
Uma nova lei aprovada pelo Kremlin indica que qualquer meio de comunicação ou pessoa acusada de divulgar “informações falsas” sobre o exército russo é condenada a uma pena de prisão que varia entre dez a 15 anos.
A lei já levou ao encerramento de vários meios de comunicação na Rússia e outros foram obrigados a suspender atividade depois de serem acusados de espalhar desinformação.
Guerra na Ucrânia
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