Maximino Serra integrou as listas do Nós Cidadãos, nas autárquicas de 2021, à Câmara Municipal de Alcobaça. Agora, foi expulso do PS.
Militante do PS ainda antes do 25 de Abril, Maximino Serra, de 87 anos, foi expulso do partido. Além de ter sido funcionário político durante grande parte da sua vida, Maximino foi um antifascista com participação em eventos marcantes como a Revolta da Sé e o golpe de Beja, golpe falhado que o levou a viver exilado ao abrigo de um programa da ONU.
A informação é avançada pelo Público, que dá conta de que a decisão foi tomada pela comissão nacional de jurisdição, por ter sido o último suplente na lista eleitoral à Câmara de Alcobaça, pelo movimento Nós Cidadãos, nas autárquicas de 2021.
Na altura, o então presidente da concelhia do PS de Alcobaça, Rui Alexandre, quis ser candidato à Câmara do seu município, mas tal não foi permitido pelo partido, o que o levou a candidatar-se pelo Nós Cidadãos.
“Apoiei-o por amizade e aceitei ser o último suplente da lista”, disse Maximino Serra em declarações ao jornal, advertindo que o Nós Cidadãos “não é um partido, é uma plataforma”.
Afirmando ser “alérgico a imposições”, Maximino Serra considera que o que lhe fizeram “é uma traição”, pelo modo como “foi feito”, e confessa-se “muito admirado por António Costa ter admitido” a sua expulsão. “Penso até que ele não se apercebeu do que me fizeram.”
O histórico militante está também “surpreendido pelo presidente da federação do PS de Leiria ter deixado que esta decisão fosse tomada nas costas da concelhia”.
No entanto, como o próprio presidente da Federação do PS de Leiria e presidente da Câmara da Nazaré, Walter Chicharro, já explicou, “o processo não passou pela direção da federação”.
“Assim que um militante do PS aparece como candidato numa lista de outra força política, o processo é acionado de acordo com os estatutos do PS”, explicou Walter Chicharro, sublinhando que “o processo tem a ver com o cumprimento dos estatutos e não com a origem ou a antiguidade do militante”.
Telma Correia, presidente da comissão nacional de jurisdição do PS, disse ao Público que a candidatura por outra força política “é a única conduta que as diferentes versões dos estatutos vêm tipificando desde logo como falta grave”, que “constitui a quebra dos laços mais basilares que ligam o partido aos seus militantes”.
A responsável acrescentou ainda que o auto foi “devidamente notificado ao visado para, querendo, se pronunciar, sem que qualquer pronúncia tivesse sido apresentada”, o que levou a que fosse aplicada a expulsão.
Alegre quer reverter a decisão
Em declarações ao Público, Manuel Alegre disse querer reverter a decisão tomada pela comissão nacional de jurisdição, que considera “um absurdo burocrático“.
“Fiz saber a quem de direito a minha posição e exigência”, disse o socialista, acrescentando que a comunicação foi feita esta manhã por SMS, depois de ler a notícia da expulsão do resistente antifascista e militante histórico do PS.
Na mensagem, lê-se que “a expulsão de Maximino Serra é um absurdo burocrático que atenta contra a memória da resistência e do próprio PS”. “É preciso encontrar uma solução e essa solução só pode ser reverter a decisão.”
E viva a democravia do PS…
Até internamente querem ir contra as próprias regras…