Os planos para substituir o ambiente gótico da catedral de Notre Dame por um estilo mais suave de arte moderna e iluminação quente levantaram algumas ondas na capital francesa. Mas o padre responsável pela catedral nega qualquer transformação radical.
Com a catedral preparada para reabrir em 2024 — cinco anos depois de um incêndio ter destruído grande parte do telhado —, as autoridades eclesiásticas estão a avançar com novos planos sobre a forma como o público irá experienciar a visita ao marco emblemático parisiense.
As alterações incluem citações bíblicas projetadas em múltiplas línguas nas paredes e novas instalações artísticas, disse o Padre Gilles Drouin, encarregado de reformular o interior da catedral, numa entrevista à AFP.
De acordo com a Raw Story, as tradicionais cadeiras de palha poderão ser substituídas por bancos mais confortáveis com candeeiros para alegrar a escuridão — e talvez sejam até capazes de desaparecer no chão quando não estiverem a ser utilizados para deixar mais espaço para os turistas.
Além disso, em vez de iluminar o teto cavernoso, haverá “luzes mais suaves à altura da cabeça” para dar uma sensação mais íntima às 2.400 missas e 150 concertos realizados anualmente.
A Comissão do Património Nacional e Arquitetura ouvirá os planos detalhados na próxima semana, dia 9 de dezembro, mas já foram levantados alguns obstáculos conservadores.
No entanto, Drouin negou que os planos sejam radicais, até porque o principal objetivo é preservar Notre-Dame como um lugar religioso. Mas a catedral pode ser mais acolhedora e informar o público “que nem sempre é de uma cultura cristã”.
Outra grande mudança que se pode esperar assim que a reconstrução esteja terminada é que os visitantes passarão a entrar na catedral pela grande porta central, em vez das entradas laterais.
O altar continuará no mesmo lugar, mas a maioria dos confessionários irá para o primeiro andar, deixando apenas quatro na secção principal.
As capelas laterais, que estavam num “estado terrível” mesmo antes do incêndio, serão inteiramente renovadas com foco nas obras de arte, incluindo “retratos dos séculos XVI e XVIII que estarão em diálogo com objetos de arte moderna”.
“A catedral esteve sempre aberta à arte desde o período contemporâneo, até à grande cruz de ouro do escultor Marc Couturier instalada pelo Cardeal Lustiger em 1994”, concluiu.