Líder centrista afirmou que tem “legitimidade política e formal” para se apresentar às eleições legislativas antecipadas, apesar de o seu mandato terminar a 30 de janeiro.
Francisco Rodrigues dos Santos afirmou em entrevista que não tem medo de ir a votos com Nuno Melo para discutir a liderança centrista e que se o congresso eletivo do partido do partido se realizasse hoje sairia vencedor. “Eu não tenho medo rigorosamente nenhum, fui eu que pedi a antecipação do congresso, tenho a certeza de que se fosse a votos agora, vencia o congresso“.
Sobre o adiamento da principal reunião do partido — prevista inicialmente para 27 e 28 de novembro, mas adiada após o Conselho Nacional da última sexta-feira —, Rodrigues dos Santos considera não fazer sentido discutir lideranças internas durante um mês quando as eleições legislativas já se vislumbram. “Acho imoral, antinacional e antipatriótico que a dois meses das eleições o CDS gaste um mês neste clima de guerrilha, a destruir-se a si próprio, em vez de falar para os portugueses”.
O líder centrista diz ainda ter “legitimidade política e formal” para representar o partido nas eleições legislativas, mesmo com o seu mandato a terminar a 30 de janeiro. Em relação à primeira, escuda-se no facto de ter pegado no partido “no pior momento da sua história”, quando este vinha de “maus resultados em legislativas e europeias”, tinha “uma dívida de 1,2 milhões de euros” e lutara contra a concorrência de “dois partidos” no mesmo espectro. No que respeita à segunda, lembrou a sua eleição de 30 de janeiro de 2020. “Um treinador deixava de fazer o seu trabalho dois ou três meses antes só porque o estavam a criticar internamente?”, atirou.
Sobre a convocatória para o Conselho Nacional, considerada ilegal por muitos (sobretudo Nuno Melo, que já ameaçou impugnar a reunião e todas as decisões que dela resultaram), ‘Chicão’ lembrou que, no passado, aconteceram convocatórias semelhantes, ainda com menos tempo de antecedência, nomeadamente no tempo de Paulo Portas. O líder dos centristas atribuiu ainda a decisão do Conselho de Jurisdição do partido em considerar a convocatória para o Conselho Nacional nula com o facto de o órgão — no qual consegue ver “vontade política” integrar apoiantes da lista adversária, algo que considera incorreto. Um dos exemplos que evocou tem que ver com uma “advogada do dr. Nuno Melo“.
Sobre as saídas de alguns dos principais nomes do partido, que aconteceram ao longo do fim de semana, Rodrigues dos Santos lamentou-as, disse não lhes ficar “indiferente“, mas acrescentou não ter ficado “surpreendido” com algumas. “Lamento-as a todas, sem exceção. Algumas não me provocam surpresa, porque desde que eu fui eleito as manifestações públicas acerca do CDS foram muito agressivas para comigo. Ficar para obstaculizar a liderança do CDS, estar constantemente a ridicularizá-la na opinião pública creio que também não prestam um bom serviço“, defendeu.
Apesar de não ter anunciado a sua saída, Paulo Portas, no seu espaço de comentário na TVI, afirmou que a atual direção do CDS se assemelhava mais a uma “associação de estudantes com más práticas“. Confrontado com esta alegação, Francisco Rodrigues dos Santos afirmou ter “muita consideração” pelo histórico centrista, mas retorquiu com lembranças de congressos presididos por Portas e que não ficaram na lembrança de militantes e eleitores pelos melhores motivos.
Referiu-se, com ironia, à reunião de 2007, quando Portas contestou o método de liderança do partido, na altura liderada por José Ribeiro e Castro. “Não sei se se estava a referir a práticas anteriores, mas não foi na minha direção“, atirou.