//

Descoberta portuguesa pode ajudar a reduzir covid-19 a uma constipação (e é um segredo bem guardado)

24

Uma equipa de investigadores portugueses descobriu três compostos que podem ajudar a reduzir o impacto da covid-19 a uma mera “constipação”. A pesquisa foi toda “made in Portugal” e, para já, está no segredo dos Deuses.

Cada um destes compostos descobertos pode, “em acção individual”, reduzir “60 a 70% a actividade do vírus SARS-CoV-2”, explica à agência Lusa a investigadora coordenadora da pesquisa, Cecília Arraiano, do Instituto de Tecnologia Química e Biológica da Universidade Nova de Lisboa (ITQB NOVA), em Oeiras.

Este projecto aponta numa direcção distinta das vacinas e está em fase de registo de patentes, com perspectivas de poder chegar rapidamente ao mercado. Até porque dois dos compostos estão aprovados para uso em outras doenças pelo regulador americano, a FDA (Food and Drugs Administration).

“A vacina é uma abordagem diferente, porque põe o hospedeiro a lutar contra o vírus e nós lutamos directamente com o vírus, porque atacamos a ‘maquinaria’ interior”, nota a geneticista.

“A vantagem é que [a nossa] é mais independente da resposta imunitária do hospedeiro”, acrescenta Cecília Arraiano, frisando que “a covid-19, que está tão grave, passa a ser como uma constipação“.

“Se uma pessoa não tiver outras complicações, não vai para o hospital com uma constipação”, constata ainda.

Descoberta com “garantia de futuro”

O trabalho desta equipa, que contou com a colaboração do Laboratório Nacional de Referência de Saúde Animal do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), assenta na especialização dos investigadores em RNA e ribonucleases, isto é, as moléculas que controlam os níveis de RNA na célula.

Na base da investigação está a existência de duas ribonucleases no SARS-CoV-2, que desempenham um papel essencial na replicação do vírus.

“O nosso objectivo era pôr o nosso conhecimento de forma a poder ajudar a controlar a multiplicação do vírus e tornar esta doença – que tem sido tão perigosa – mais ligeira”, frisa Cecília Arraiano, destacando a “garantia de futuro” destas descobertas.

“Quando entra nas células, o vírus normalmente pode ter mutações e esta ‘maquinaria’ funcional é sempre conservada, o que dava uma garantia de ser uma forma de atacar com futuro”, nota.

Com a ajuda da colega investigadora Margarida Saramago, Cecília Arraiano conta que o projecto arrancou ainda durante o primeiro confinamento, em Abril/Maio de 2020, com os três fármacos a serem ‘encontrados’ nas bases de dados internacionais, que contêm muitos milhares de compostos químicos.

Tudo em segredo (e “made in Portugal”)

Todo este processo “foi uma grande aventura” para a instituição e os profissionais.

“As minhas colaboradoras fizeram um ‘screen’ e começaram a ver, tendo em conta as características destas ribonucleases, quais seriam aqueles que poderiam – como uma chave numa fechadura – encaixar nos sítios vulneráveis e fazer com que se ligasse e não funcionasse bem”, refere.

A ambição, agora, é que seja rapidamente utilizado pelas pessoas para se poder “voltar à normalidade que havia antes desta pandemia”.

Com a investigação laboratorial terminada nesta fase, o futuro passa pelo registo de patentes e pelo diálogo com as farmacêuticas.

A investigadora coordenadora do ITQB Nova adianta que já foi obtida uma “patente provisória” na semana passada e que dentro de alguns dias devem avançar pedidos similares para os outros dois compostos.

“Até estar tudo seguro e conversado com as farmacêuticas, não podemos divulgar porque, senão, qualquer país do mundo agarra e faz. Como foi tudo ‘made in Portugal’ temos muito orgulho e queremos manter ‘made in Portugal'”, indica a geneticista.

Esta patente provisória já permite encetar conversações com as farmacêuticas, embora seja um processo sobre o qual pendem algumas obrigações, além de estar ainda ‘presa’ por alguns detalhes.

Apesar disso, Cecília Arraiano confirma que serão feitas “três patentes diferentes”, uma por cada composto descoberto. A investigadora acredita também que este tema não passa de uma questão burocrática.

“O que gostávamos era que as farmacêuticas testassem isto (que nós já sabemos que se faz em células de macaco com o vírus) em testes clínicos com pessoas com covid”, frisa ainda.

“Tendo em conta a rapidez com que foram desenvolvidas estas novas vacinas de RNA, em um ano, tenho a grande esperança de que seja também tudo muito rápido”, indica.

“Esperamos mesmo é ver isto no mercado o mais rápido possível“, conclui.

ZAP // Lusa

Siga o ZAP no Whatsapp

24 Comments

  1. Eu também já há muito descobri, e aqui partilhei, a fórmula de sucesso no combate a este vírus: alho e vinho.

  2. Pois, o eterno “pode” das notícias vindas dos nossos centros de investigação que consomem milhões de euros todos os anos!
    Em vez de resultados promissores, gostava de ler notícias acerca de metas finais alcançadas. Curiosamente, essas são muito mais raras…
    Neste caso a notícia ainda é mais caricata. Noticia-se, mas não se pode revelar, pois é tão bom que tem de ser mantido no segredo dos deuses.
    É engraçado ver a ciência apelar à crença. “Eu não vos conto como é, mas é muito importante, acredita”. É mais ou menos como no terceiro segredo de Fátima. Era uma coisa tão importante que a pastora não podia revelar. Depois… depois, foi o que foi… (afinal sabia que o papa ia sofrer um atentado e só revelou depois do atentado!)
    Enfim, crenças…

  3. Um dos componentes deve ser a Bola de Berlim com Creme, pois desde que tomo este medicamento regularmente nunca mais tive constipado.
    Um outro é capaz de ser o refogado.
    Sejam quais forem os ingredientes, o remedio será bem-vindo

    • etter. O seu comentário merece todo meu desprezo. É inadmissível que você tente fazer piada com coisa sérias. Só os anormais assim procedem, e para esses está reservado o Magalhães de Lemos, ou o Conde Ferreira.

      • Até acredito que o Homem chegou a Lua, veja lá!
        Mas vamos ver se os Tugas no final vão salvar o planeta ou se é mais um daquelas gritos de habitual.
        Pelo menos um vai dizer: “Não lhes disse?: Um gripezinho”

      • Isso não é verdade! Se merecesse o seu desprezo não lhe teria sequer respondido! E depois… os dois têm um problema de escrita. Um refere “tive” quando queria dizer “estive”. O outro diz “coisa sérias” e mete uma vírgula antes do “ou”… sabe-se lá para quê…
        Estão bem um para o outro.

  4. Espero que pelo menos uma das farmacêuticas seja portuguesa, pois é nos medicamentos vendidos que está o ganho. Os inventores ficam com feijões, ainda que dourados…

    • Isto significa que acha que Portugal devia de ser governado por políticos competentes, os espanhóis por exemplo. Ai que Raia!
      Ou os alemães?

  5. Não será mais uma descoberta a morrer na praia? É que entre propaganda e burocracia, muitas vezes as coisas terminam em nada neste país, ou na melhor das hipóteses nas mãos de terceiros para lhes dar nova vida!

      • O amigo “Eu!” já não tem argumentação possível para derrotar outra pessoa. Pare de ser armar em bom. Já o senhor “de mal a pior” tem razão. Uma descoberta não garante avanços na ciência, visto que se trata apenas disso, de propaganda entusiasmante. Vá estudar!

        • Mais um “iluminado” armado em defensor dos pobres de espírito…
          “Uma descoberta não garante avanços na ciência…”
          Claro que não – o que garante avanços na ciência são os “bitates” dos “investigadores” de tasca/Facebook…
          Eu estou sempre a estudar – se tu também estudares, pode ser que um dia consigas contribuir com algo positivo para a sociedade!…
          Até lá, deixa os investigadores do ITQB fazer investigação/ciência.

          • Mais uma vez o Eu convicto da sua sabedoria, eu não critiquei na intenção de deitar a descoberta abaixo, simplesmente, gato escaldado da água fria tem medo, infelizmente é o que mais acontece neste país onde as coisas são anunciadas, mas depois terminam em nada. Passem à prática para ver se ainda tenho tempo de usufruir de tal descoberta! Se há alguém defensor da ciência e de que o país deverá investir mais em tal ramo, eu sou um deles!

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.