Os maiores consumidores destas bebias são os homens, os mais jovens, os solteiros e os que têm menor nível de escolaridade. A água continua a ser melhor bebida, segundo explica a nutricionista Alexandra Bento.
Segundo noticia o Expresso, o relatório do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável concluiu que, em média, os portugueses beberam em média 60 litros de refrigerantes em 2018, o que equivale a 3,3 quilos de açúcar. Mesmo assim, Portugal está abaixo da média europeia.
O Inquérito Nacional de Saúde de 2019 mostrou também que que 28,4% dos portugueses ingere estas bebidas pelo menos uma vez por semana. Os maiores consumidores de refrigerantes são os homens (35,2%), os mais jovens, os solteiros e os que têm menor nível de escolaridade, segundo um estudo do Instituto Ricardo Jorge de 2014. Os Açores são a região do país onde o consumo é maior.
A bastonária da Ordem dos Nutricionistas defende que estas bebidas só devem ser ingeridas “em dias festivos” e que “o seu consumo deverá ser moderado, uma vez que, por norma, têm um elevado teor de açúcar na sua composição”. Alexandra Bento explica ao Expresso que as calorias fornecidas pelo açúcar são vazias por não terem valor nutricional e que o seu consumo causa excesso de peso, diabetes e cáries dentárias.
Um estudo de 2019 do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto concluiu que os portugueses consomem em média 84 gramas de açúcares totais por dia e 35 gramas de açúcares livres – os monossacarídeos, como a glucose ou a frutose; e os dissacarídeos, como a sacarose ou o açúcar de mesa, que são adicionados às bebidas.
Este consumo é ainda maior nas crianças entre os cinco e nove anos – 50 gramas de açúcares livres diariamente – e nos adolescentes, que ingerem 53 gramas por dia. Estes valores são superiores aos recomendados pela Organização Mundial da Saúde, que aponta para um consumo máximo de 50 gramas, mas explica que os maiores benefícios para a saúde são alcançados com uma ingestão de 25 gramas por dia.
A OMS propôs a taxação destas bebidas para promover a redução do consumo – uma medida que foi adoptada em Portugal no Orçamento de Estado de 2017. Quando entrou em vigor, o consumo per capita foi de 75 litros (4,4 quilos de açúcar), que caiu no ano seguinte para 60 litros (3,3 quilos).
Um estudo divulgado pelo Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia em Agosto de 2019 mostrou uma “queda imediata no consumo que recuperou rapidamente”. No entanto, o “maior benefício da taxa sobre as bebidas açucaradas e os refrigerantes em termos de diminuição do consumo de açúcar são as reformulações dos produtos” para que evitem pagar impostos mais elevados, referiu o mesmo estudo.
“A evidência científica mostra que a política de preços constitui uma ferramenta para a promoção da alimentação saudável, tendo o potencial de reduzir o impacto das doenças provocadas pelo consumo excessivo de açúcar e dos custos a elas associados, mas não se deve esgotar em si mesma”, argumenta Alexandra Bento.
As verbas arrecadadas por estas medidas devem ser revertidas “para a promoção da alimentação saudável, o que não acontece em Portugal (a verba arrecadada por esta medida reverte para o Serviço Nacional de Saúde)”, defende a nutricionista, e propõe a promoção da “educação alimentar para aumentar a literacia alimentar da população” e a implementação de “um esquema único de rotulagem nutricional na parte da frente da embalagem”.