Paulo Cunha / Lusa
A ex-ministra do Mar, Ana Paula Vitorino
A ex-ministra do Mar e o PS tentaram fazer algumas alterações ao relatório da audição parlamentar sobre a sua nomeação para a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT). O relator, do PSD, não aceitou e pediu para ser substituído.
De acordo com o jornal online Observador, Ana Paula Vitorino, nomeada pelo Governo para a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, tentou alterar o relatório da comissão parlamentar que lhe fez a audição para o cargo, no início deste mês.
A ex-ministra do Mar e atual deputada do PS enviou para os serviços um documento com sugestões de alteração ao relatório, desde correções à gramática e a gralhas, passando por parágrafos com outras interpretações que considera mais adequadas.
O Observador teve acesso à documentação, na qual a também mulher do ministro da Administração Interna explicou que, “tendo tido acesso ao relatório (…), e após consulta da gravação vídeo e áudio da referida audição”, decidiu solicitar estas alterações pois permitem “uma maior aderência do documento à audição realizada”.
O PS fez então algumas sugestões que, postas a votação, acabaram por passar, com o voto favorável não só dos socialistas, mas também com as abstenções do BE e do PCP. PSD e PAN votaram contra.
No entanto, o relator da audição parlamentar, o social-democrata Carlos Silva, não aceitou esta situação e pediu para ser substituído.
De acordo com o semanário Expresso, o deputado do PSD invocou o artigo 137.º do regimento da Assembleia da República, que no sétimo ponto diz que “o relator pode solicitar a sua substituição por outro deputado sempre que considerar que a introdução de aditamentos, ou a alteração ou eliminação de alguma das componentes do projeto de parecer por si apresentado, o impedem de assumir a sua autoria”.
Segundo o mesmo jornal digital, o próximo partido a escolher o relator será o PS e é suposto que a nova pessoa em funções apresente um novo relatório na reunião da próxima segunda-feira.
Recorde-se que a nomeação de Ana Paula Vitorino para presidir à AMT tem sido alvo de críticas no Parlamento, que alegam ser mais um caso de “Family Gate”. Entretanto, a Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP) aprovou a escolha da ex-ministra para o lugar.
“Existem evidências da presença de competências técnicas e comportamentais que sustentam uma apreciação muito positiva para o desempenho do cargo em causa”, concluiu esta entidade.
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