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A Pequena Amal, com três metros e meio, vai percorrer oito mil quilómetros pelos refugiados

Espetáculo de teatro com conceito inovador vai decorrer durante quatro meses e tem como embaixadores figuras como Gillian Anderson. A única personagem da peça é um fantoche de 3,5 metros de altura que será manuseado por nove marionetistas, organizados em grupos de três.

Um percurso que se inicia na Turquia e só termina a cerca de oito mil quilómetros, em Manchester. Será este o itinerário da Pequena Amal, um fantoche de 3,5 metros de altura, entre os meses de Julho e Novembro. Devido às suas características físicas, terá a ajuda de vários marionetistas, alguns dos quais refugiados — tal como ela.

É que a história da menina ali representada é a história de milhares: uma criança de nove anos à procura da sua mãe, que saiu para procurar comida e nunca mais voltou.

Para levar a cabo The Walk, um ambicioso projeto de teatro, a organização terá de enfrentar, entre outras dificuldades, as restrições de circulação impostas devido à pandemia da covid — uma alusão às dificuldades enfrentadas pelos refugiados que diariamente colocam a sua vida em risco na procura por uma vida melhor.

A adornar a grande figura de Amal estará uma faixa com uma mensagem destinada às crianças que possam testemunhar o seu longo percurso: “Don’t forget about us” (Não se esqueçam de nós, em português).

A cidade de Gaziantep, situada na fronteira turca, irá providenciar a primeira “comunidade de acolhimento” para a pequena Amal ao longo do percurso, o qual será marcado por inúmeras atividades.

Neste caso, Amal irá participar num workshop de culinária juntamente com jovens refugiados sírios, os quais lhe oferecerão uma mala com objetos destinados a facilitar a viagem.

Atualmente, o projeto encontra-se em fase de ensaios nas margens do Tamisa, em Londres, onde a Pequena Amal deu os primeiros passos. A equipa designada para operar a estrutura que dá corpo a Amal está a receber formação através de vídeos enviados pela equipa sul-africana que a produziu.

Durante o longo percurso, nove jovens marionetistas, organizados em equipas de três (dois serão responsáveis pelas mãos e um pelas andas) controlarão o movimento e a expressão facial da Pequena Amal através de um “complicado sistema de cordas”.

David Lan, produtor da peça, descreveu o The Walk como um espetáculo de teatro de “exibição única que decorrerá ao longo de quatro meses num palco de oito de mil quilómetros” — distância que, tal como o produtor fora informado aquando da sua conversa com o The Guardian, pode facilmente aumentar para nove mil.

Pelas suas características, este é um projeto onde nada pode ser tido como garantido, tal como já ficou provado pelo adiamento de quatro meses provocado pelo fecho de fronteiras de países onde o The Walk tinha passagem planeada.

Simultaneamente, a recolha de fundos para o projeto também foi afetada pelos sucessivos confinamentos decretados no Reino Unido — o que faz com que a quatro semanas do início do percurso ainda faltem 40 mil libras para se atingir a meta delineada inicialmente.

Ainda assim, mal a figura da Pequena Amal esteja de pé e em andamento, qualquer contratempo meteorológico, burocrático ou mecânico — ou de outra espécie — terá de ser resolvido em andamento pela comitiva de 25 pessoas que acompanharão a expedição por terra e mar, de barco, camião e a pé.

Antes da Pequena Amal de se estrear nas ruas, já um conjunto notável de personalidades, tais como Gillian Anderson, Anish Kapoor, Gary Lineker e Chiweteç Ejiofor, se disponibilizaram para atuar publicamente como embaixadores da peça com conceito inovador.

ARM, ZAP //

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