Ornamentos feitos com dentes de alce com 8 mil anos revelaram um padrão surpreendente de uma dança psicadélica feita durante a Idade da Pedra.
Estes adornos eram presos às roupas e faziam barulho ao moverem-se, inspirando uma dança ao seu som. O estudo foi realizado por investigadores da Universidade de Helsínquia e da Academia Russa de Ciências, e publicado recentemente na revista científica Cambridge Archaeological Journal.
Os ornamentos foram encontrados em sepulturas no Yuzhniy Oleniy Ostrov, um cemitério no noroeste da Rússia. Alguns deles tinham mais de 300 dentes de alce.
“Usar estes ornamentos enquanto dança torna mais fácil mergulhar na paisagem sonora, eventualmente deixando o som e o ritmo assumirem o controlo dos seus movimentos”, explicou a arqueóloga Riitta Rainio, da Universidade de Helsínquia, citada pelo The Jerusalem Post. “É como se o dançarino fosse controlado por alguém na dança”.
“Os ornamentos de dentes de alce são fascinantes, uma vez que transportam as pessoas modernas para uma paisagem sonora que tem milhares de anos e os seus ritmos emotivos que guiam o corpo”, disse a coautora Kristiina Mannermaa.
“Pode fechar os olhos, ouvir o som dos ornamentos e derivar nas ondas sonoras de uma fogueira à beira do lago no mundo dos caçadores-coletores da Idade da Pedra”, acrescentou.
Rainio testou a recriação do ornamento dançando com os enfeites por seis horas seguidas, imitando a maneira de dançar de quem os usava na Idade da Pedra.
Um estudo recente sugeriu que os nossos antepassados escolhiam a parte mais funda das cavernas, propositadamente, para ficarem num estado alucinatório quando estavam a pintar.
Alguma da arte mais antiga da Europa encontra-se escondida em espaços estreitos de cavernas profundas, escuras e sinuosas. Para chegarem a esses locais, e para os poderem pintar, os artistas da Idade da Pedra teriam de ir até lá com tochas. Por isso, arqueólogos começam a suspeitar que todo aquele fumo tê-los-á induzido a um estado alterado de consciência.
Os sintomas incluíam tonturas e dores de cabeça, mas também euforia e um aumento na libertação de dopamina — não muito diferente do efeito que os investigadores acreditam que dançar com os ornamentos de dentes de alce proporcionaria.