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Novo Banco pode “reverter imparidades”, mas não deverá devolver nada ao Fundo de Resolução

António Cotrim / Lusa

O presidente da comissão de acompanhamento dos ativos do Novo Banco diz que o banco poderá ter reversões de imparidades, mas não se deve esperar que seja devolvido dinheiro ao Fundo de Resolução.

Citado pelo Observador, José Bracinha Vieira salienta que houve casos “excecionais” em que a comissão viu “com preocupação, para não usar uma palavra mais forte” o grau de imparidades que o Novo Banco queria registar.

“A limpeza do balanço foi tão forte que admito – e já aconteceu nos últimos meses – que possa haver alguma reversão parcial das imparidades, bastante parcial, ou seja, situações em que a conta de resultados do Novo Banco é beneficiada por perdas inferiores às que se temeram (e se precaveram através do registo de imparidades ou provisões”, disse José Bracinha Vieira em audição parlamentar, esta terça-feira.

O responsável admite que “algumas boas dezenas de milhões” de euros em imparidades podem ser revertidas, “não mais do que isso”.

Como tal, a deputada Cecília Meireles perguntou se o Novo Banco poderia devolver algum do dinheiro ao Fundo de Resolução.

“Depende do volume, mas as reversões que eu antecipo não devem chegar para que o Novo Banco devolver dinheiro ao Fundo de Resolução”, explicou. Claro que “se houvesse uma redução drástica das imparidades aí havia contas a fazer”, mas não deverá chegar a isso, indicou Bracinha Vieira.

A deputada do CDS-PP respondeu que provavelmente já não haverá “contas a fazer” se as reversões acontecerem depois de 2026, altura em que expira o acordo com a Lone Star. “Admito que tenha razão”, admitiu o presidente da comissão de acompanhamento dos ativos do Novo Banco.

Bracinha Vieira reconheceu que “o balanço do Novo Banco está fundamentalmente limpo” e está convencido que “os prejuízos CCA [mecanismo de capital contingente], se existirem, serão mínimos a partir de agora”.

“Estou a pôr o pescoço no cepo mas estou convencido que o banco vai gerar lucros em 2021″, atirou.

O Novo Banco não viu com bons olhos a possibilidade de ser reembolsado pelo crédito que concedeu ao antigo Banco Espírito Santo Angola, hoje Banco Económico. No entanto, o Fundo de Resolução mostra-se agora mais otimista.

Se o Banco Económico render mais do que o valor que está registado no balanço do Novo Banco, o dinheiro a mais será para o Fundo de Resolução, escreve o Expresso.

“O Fundo de Resolução tem a expectativa de que o valor recuperado desse crédito seja superior ao valor que está inscrito nas contas do Novo Banco”, explicou João Freitas, o secretário-geral do Fundo, na audição desta terça-feira, na comissão parlamentar de inquérito ao Novo Banco.

O crédito a pagar pelo Banco Económico é de cerca de 288 milhões de euros, mas o Novo Banco decidiu constituir imparidades de 90% para cobrir o risco deste crédito.

ZAP //

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