Em vez de arrefecer, ventoinha empurra ar quente para o corpo em condições de calor seco, notou um novo estudo. É preciso lembrar a humidade.
Pode ser um alívio tremendo, mas recorrer a ventoinhas para aliviar o calor intenso pode não só ser pouco eficaz como até pode ser prejudicial à saúde, particularmente se o vento gerado pela máquina for destinado a idosos.
A conclusão é de um novo estudo, publicado esta terça-feira na AMA Network Open, que lança o alerta especialmente para as regiões e ambientes mais quentes e secos.
A investigação analisou os efeitos do uso de ventoinhas em 58 adultos com mais de 60 anos, com uma média de 68 anos de idade, recorrendo a quatro cenários de exposição ao calor — uso de ventoinha, molhar a pele sem ventoinha, molhar a pele com ventoinha e nenhuma intervenção —, cada um com três horas de duração e espaçados por pelo menos 72 horas. As ventoinhas, modelos domésticos padrão, com alta velocidade, foram colocadas a cerca de 1 metro de distância dos participantes. Água morna simulou o suor, em alguns casos.
Durante as experiências em condições de calor húmido (38 °C e 60% de humidade relativa), observou-se uma ligeira redução da temperatura corporal central (cerca de 0,1 °C) com o uso da ventoinha, mas foi modesta. A transpiração e sensação de conforto aumentaram. Curiosamente, a combinação de ventoinha e pele molhada não resultou em melhorias adicionais da temperatura, embora tenha sido percecionada como a mais confortável.
Por outro lado, os resultados foram preocupantes em condições de calor seco (45 °C e 15% de humidade), onde apenas os 31 participantes saudáveis foram incluídos — devido ao risco cardíaco.
Nestes casos, a ventoinha aumentou a temperatura corporal em média 0,3 °C, sugerindo que, em vez de arrefecer, a ventoinha empurrava ar quente para o corpo, intensificando a sensação de calor. A técnica de molhar a pele, com ou sem ventoinha, também não se revelou eficaz nestas condições.
Os investigadores da Universidade de Sidney sublinham a importância de considerar não só a temperatura, mas também a humidade do ar na avaliação da eficácia das ventoinhas como meio de arrefecimento.
O calor extremo é comummente associado ao aumento do risco de doenças cardiovasculares. O perigo aumenta exponencialmente durante ondas de calor intensas, lembra o New Atlas.