Desde que o Estado começou a cortar nos contratos com os estabelecimentos de ensino particular e cooperativo já 20 colégios fecharam portas.
Em 2016, o Estado começou a implementar cortes graduais nos contratos de associação com estabelecimentos de ensino particular e cooperativo.
Desde então, o número de turmas financiadas e o montante anual pago pelo Estado caíram a pique, levando ao encerramento de 20 colégios, escreve o jornal Público, baseando-se em números da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP).
Anteriormente, o Estado oferecia um financiamento de 135,56 milhões de euros para que estes estabelecimentos de ensino oferecessem educação gratuita aos alunos. Agora, a fatura é de apenas 42,9 milhões de euros por ano — um corte superior a 92 milhões de euros.
A manter o racional de 80,5 mil euros por turma dos anos anteriores, foi atribuído financiamento a 533 turmas, revela uma resolução do Conselho de Ministro. No ano letivo em que o Governo anunciou a medida, eram financiadas 1.684 turmas, num total de 135,56 milhões de euros.
“Ficaram a perder milhares de alunos que têm um percurso educativo pior e ficaram a perder os contribuintes, que estão a pagar mais pelo percurso educativo desses alunos”, diz o diretor executivo da AEEP, Rodrigo Queiroz e Melo.
Para o dirigente, “este é um processo em que todos perderam”, passando de um “ambiente inclusivo” para um “ambiente exclusivo”.
O Estado justificou os cortes nos contratos com a existência de oferta pública nas proximidades de muitos dos colégios que estavam a ser financiados. Queiroz e Melo defende que este é um argumento “sem nenhuma sustentação na realidade” e que até “havia excesso de lotação em várias escolas públicas” nas proximidades.
Em Riba de Ave, por exemplo, “muitas crianças estão a dirigir-se para Vila das Aves, fora do concelho, porque o agrupamento de Pedome [o mais próximo em Famalicão] não tem capacidade”, diz o vereador da Educação de Famalicão, Leonel Rocha, ao Público.
A autarquia teve mesmo que redistribuir cerca de 3.000 alunos de três estabelecimentos públicos, sendo que 2.000 são do próprio concelho e os restantes de autarquias vizinhas.