O PAN não pretende oferecer “uma via verde para o Governo fazer o que bem entender” e admite mesmo travar o Orçamento de Estado “se for necessário”.
As palavras são da presidente do Grupo Parlamentar do partido PAN (Pessoas, Animais, Natureza), que encabeça a única lista candidata à direção e será, assim, a sucessora de André Silva.
Numa entrevista ao Diário de Notícias e à TSF, publicada esta sexta-feira, Inês Sousa Real afirmou que o PAN não vai permitir que o Governo faça “o que bem entender” no que toca ao Orçamento do Estado para 2022 (OE2022).
Segundo a presidente do grupo parlamentar, o partido não vai oferecer “uma via verde para o Governo fazer o que bem entender” e, “se for necessário”, o partido poderá até mesmo “travar um OE que se considere que não dá as respostas para o país”.
A deputada garantiu que, no próximo orçamento, o PAN não vai deixar cair a preocupação com o Rendimento Básico Incondicional. Além disso, a abolição das touradas não deixará de estar no seu horizonte.
Inês Sousa Real defende que “o país precisa” que sejam feitas “pontes entre todas as forças e não apenas entre o PS e alguns partidos”.
Embora considere que o país “não precisa” de crise política, a deputada admitiu que não deixará de fazer oposição em temas onde se verifiquem “diferenças ideológicas” com o Governo de António Costa.
Algumas dessas temáticas passam por certas “opções estratégicas para o país” com as quais o PAN não concorda, como é o caso do “aeroporto do Montijo”.
Questionada sobre a situação de Odemira, Inês Sousa Real disse que o partido tem “questionado a capacidade de Eduardo Cabrita na condução do MAI”. “Na gestão deste ministério tem ficado mais do que plasmado o falhanço redundante do que deveria de ser uma ação planeada, estruturada, e que não tem acontecido”, afirmou.
Sobre as eleições autárquicas, a deputada disse que o partido está a fechar o debate interno e remeteu o anúncio dos candidatos às autarquias para breve.
Na mesma entrevista, Inês Sousa Real falou sobre o futuro do PAN com a saída de André Silva da direção. Segundo a presidente do grupo parlamentar, o PAN “é um partido de causas que quer ser um partido de poder” para “usar a influência que o poder traz para fazer avançar as causas”.
“O PAN quando concorre, tal como os demais partidos e forças políticas, concorre para ser governo. Ainda não temos representação que nos permita sê-lo, mas estamos confiantes que as gerações futuras se identificam com o ideário do PAN, que é um partido de futuro e que terá, se calhar a breve trecho, responsabilidades acrescidas. Quando chegamos a um lugar de poder, temos poder e oportunidade fazer avançar as causas”, afirmou.