O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, adiou por 15 dias a assinatura do contrato para o lançamento do concurso público da nova ponte sobre o Douro.
O presidente da Câmara do Porto acusou, esta quinta-feira, os vereadores da oposição de fazerem um “show político” em torno do processo da nova travessia rodoviária sobre o Douro, desafiando-os a votar contra a proposta que a maioria vai apresentar.
“Querem votar. Então vamos votar, não tenho nenhum problema em votar. Podiam ter feito uma recomendação, podiam ter perguntado, não perguntaram nada e quiseram fazer um show político”, atirou Moreira, em declarações aos jornalistas no final da reunião do executivo desta manhã.
“Não se faz, ponto. Faz-se só a ponte em Gaia, não se faz no Porto. Os senhores vereadores que assumam as suas responsabilidades”, acrescentou.
Depois das críticas da oposição, o autarca independente deu hoje, na reunião do executivo, instruções aos serviços para agendar, “nos próximos 15 dias”, a proposta de abertura de concurso para a travessia D. António Francisco dos Santos, aprovada por unanimidade na reunião da Câmara de Vila Nova de Gaia.
“Desafio os partidos aqui presentes a votar contra“, disse Moreira, cujo movimento independente tem maioria na Câmara do Porto.
Num debate no período antes da ordem do dia, os vereadores da oposição criticaram a falta de debate e transparência na discussão das opções do traçado para a nova ponte D. António Francisco dos Santos, cujo custo, incluindo acessos, é de 36,9 milhões de euros – valor a que acrescem 1,63 milhões de euros para estudos.
Para o PSD, a localização da ponte foi “claramente mal escolhida” e por isso teve de ser revista, o que teve implicações, por exemplo, nos custos, “três vezes mais” do que o valor de 12 milhões de euros, anunciado aquando da apresentação do projeto em 2018.
Já PS e CDU, lamentaram ter sido confrontados com uma decisão já tomada, salientando a necessidade de debate informado sobre o projeto, nomeadamente sobre questões como a localização ou o custo.
Perante as críticas, o independente deu indicações a Cátia Meirinhos, administradora executiva da GO Porto, empresa municipal que vai assumir a gestão da obra, para que não seja assinado já o contrato para o lançamento do concurso para a nova ponte sobre o Douro.
No final da reunião, aos jornalistas, Moreira considerou “extraordinário” que estas questões não tem sucedido antes e que em Gaia, câmara socialista onde o PSD tem assento, o projeto da Ponte D. António Francisco dos Santos tenha sido aprovado hoje, por unanimidade.
“Vamos deliberar sobre o PDM e deliberaremos também sobre a ponte que faz parte do PDM. Se não quiseram, não há, também não vem mal ao mundo. Há muitas pontes que não se fizerem”, observou.
Moreira desafiou os vereadores da oposição a serem “coerentes” e votar contra, salientando que “era muito fácil dizer mal e não ter de votar“. “Aqui resolveram fazer um rábula, querem rábula terão a rábula. Vamos embora assumir as responsabilidades políticas, agora o que não podem ter é sol na eira e chuva no nabal, para isso as pontes não servem”, afirmou.
O autarca reiterou que houve tempo para que o projeto fosse discutido, nomeadamente no âmbito das reuniões “sucessivas” do Plano Diretor Municipal (PDM), mas indicou que “se a vereação decidir que aquilo está mal feito, o concurso público internacional não será lançado”.
“Agora vão ter de votar. Espero sinceramente que o senhor vereador do PSD vote contra, espero que a senhora vereadora da CDU vote contra, espero que os senhores vereadores do PS votem contra. Votem contra”, rematou.
A nova travessia sobre o Douro ficará a montante da Ponte D. Luís I, entre as pontes do Freixo (rodoviária) e de São João (ferroviária) e deverá estar concluída em 2025.
Na proposta que vai a concurso, a ponte terá uma extensão total de 625 metros, 300 dos quais sobre o rio, e um perfil transversal do tabuleiro de 21,50 metros, com separador central e duas faixas de rodagem com duas vias cada, uma ciclovia unidirecional em cada sentido, bem como, passeios.
ZAP // Lusa