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No primeiro complô da CIA contra os Castro, Fidel não era o alvo

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Raúl Castro (E) com Che Guevara (D).

A CIA tentou por várias vezes matar Fidel Castro. No entanto, no primeiro complô americano contra a família Castro, Raúl, irmão de Fidel, era o alvo.

Fidel Castro foi um político e revolucionário cubano que governou o país como primeiro-ministro, de 1959 a 1976, e depois se tornou presidente, de 1976 a 2008. Apesar das inúmeras tentativas da CIA para o matar, Fidel acabaria por morrer de causas naturais em 2016, com 90 anos de idade.

A verdade é que novas evidências mostram que o primeiro plano da agência de inteligência do governo dos Estados Unidos não tinha como alvo Fidel, mas sim o seu irmão, Raúl Castro. O assassinato estava planeado para julho de 1960, apenas um ano e meio depois de os Castros chegarem ao poder, escreve a NPR.

No centro do plano estava José Raúl Martínez, piloto da Cubana de Aviación, uma companhia aérea cubana. Martínez estava a trabalhar secretamente para a CIA e era a peça ideal para o plano, já que tinha sido escolhido para pilotar um voo fretado para transportar Raúl Castro, que estava de visita a Praga.

Segundo documentos da CIA, disponíveis publicamente, a “possível remoção” dos três principais líderes cubanos — Fidel Castro, Raúl Castro e Che Guevara — era vista com bons olhos.

No entanto, confrontada com a possibilidade de matar Raúl Castro, a CIA não hesitou e deu a ordem para o piloto organizar “um acidente”. Em troca, ofereceu 10 mil dólares, pagos após a conclusão do serviço.

“Foi um complô de oportunismo que caiu no colo da CIA”, disse Peter Kornbluh, que dirige o Projeto de Documentação de Cuba na NSA, a agência de segurança dos Estados Unidos.

Kornbluh descobriu os detalhes da história em documentos governamentais, desclassificados no mês passado, e publicou-os no site do arquivo, escreve a NPR.

Martínez sugeriu despenhar a aeronave no oceano Atlântico, um ato que seria suicida. “Ele disse: ‘Se eu morrer, vai garantir que os meus dois filhos têm os seus estudos universitários pagos?’“, contou Kornbluh. A CIA aceitou a proposta.

Com Martínez já no ar, a CIA recuou e mandou cancelar o assassinato. O problema é que já era tarde demais: já não havia maneira de contactar o piloto.

Felizmente, o ataque acabou por não avançar. Mais tarde, após aterrar, Martínez explicou que não teve oportunidade de organizar “um acidente”. Alguns meses depois, Martínez desertou para os Estados Unidos.

Kornbluh não sabe ao certo, mas suspeita que Raúl Castro nunca tenha ouvido os detalhes do plano do avião até hoje.

“Imagino que Raúl Castro esteja a ler estas histórias e a ver estes documentos pela primeira vez e a maravilhar-se com o que a CIA tentou fazer”, disse Kornbluh à NPR.

Daniel Costa, ZAP //

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