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Os mímicos levam-nos a ver coisas que não existem

Quando vemos um mímico a puxar uma corda, a subir degraus ou a tentar fugir de uma caixa, não precisamos de lutar para reconhecer os objetos implícitos, pois as nossas mentes conseguem vê-los automaticamente, conclui um novo estudo.

Para explorar de que forma a nossa mente processa os objetos com os quais os mímicos parecem interagir, os investigadores trouxeram a arte da mímica para o laboratório e concluíram que as superfícies implícitas e invisíveis são representadas rápida e automaticamente na nossa mente.

“O que exploramos aqui foi de que forma a mente constrói automaticamente representações de objetos que não podemos ver, mas que sabemos que devem estar lá”, diz Chaz Firestone, um dos autores do estudo.

O especialista diz que “isso é basicamente o que os mímicos fazem. Eles podem fazer-nos sentir como se estivéssemos cientes de algum objeto apenas interagindo com ele”.

Nas experiências, os especialistas testaram 360 pessoas online. Os participantes assistiram a vídeos onde uma personagem simulou colidir com uma parede e pisou uma caixa de uma forma que sugeria que aqueles objetos estavam no local, mas de forma invisível.

Posteriormente, uma linha preta apareceu no ecrã onde a superfície implícita estaria. Essa linha pode ser horizontal ou vertical e corresponde, ou não, à orientação da superfície que acabou de ser imitada.

Os participantes tiveram que responder rapidamente se a linha era vertical ou horizontal, revela o Futurity.

Os investigadores descobriram que as pessoas responderam significativamente mais rápido quando a linha se alinhou com a parede ou caixa simulada, sugerindo que a superfície implícita estava ativamente representada na mente.

Os participantes foram instruídos a não prestar atenção à mímica, mas não podiam deixar de ser influenciados por essas superfícies implícitas, diz Pat Little, autor principal do estudo.

“Muito rapidamente as pessoas percebem que o mímico as estava a enganar e que não há conexão real entre o que a pessoa faz e o tipo de fala que aparece”, reforça Little.

Embora possa parecer que as descobertas diminuem o trabalho dos mímicos – uma vez que sugere que os cérebros das pessoas vão imaginar esses objetos automaticamente – os investigadores insistem que os mímicos continuam a merecer crédito.

“Se o mímico for habilidoso o suficiente, entender o que está a acontecer não exige nenhum esforço – a pessoas apenas entendem automaticamente”, rematou o autor.

O estudo foi publicado na revista Psychological Science a 1 de abril.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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