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O preço das casas tem aumentado drasticamente no Canadá (e isso está a causar preocupação)

Assim como nos EUA, Reino Unido, Austrália e outros países, o Canadá está a assistir a uma grande procura por moradias. Os especialistas garantem que a culpa é da pandemia, que impulsionou uma maior necessidade de espaço.

De acordo com dados imobiliários recolhidos pelo Federal Reserve Bank de Dallas, os preços das casas no Canadá aumentaram a uma taxa anual de cerca de 16% no quarto trimestre em relação ao período anterior de três meses, ultrapassando assim os valores dos EUA ou Reino Unido.

No entanto, esta situação está a gerar uma grande preocupação entre alguns analistas e economistas devido ao “papel exagerado“ do setor imobiliário na economia do país – o que pode ser um forte impulsionador de uma crise.

A habitação canadiana como parcela do produto interno bruto era de 9,3% no quarto trimestre de 2020, mas um ano antes fixava-se em 7,5%, e há uma década nos 6,6%.

Enquanto o dinheiro está a ser canalizado para o setor imobiliário, os economistas alertam que as empresas não estão a produzir os bens e serviços para atender à procura interna e externa e assim expandir o potencial de uma economia viável a longo prazo.

O mercado imobiliário no Canadá tornou-se num “gigante durável”, semelhante a um carro ou um eletrodoméstico, refere David Rosenberg, economista e diretor da Rosenberg Research.

Os economistas acrescentam que o grande investimento em habitação drena as economias da população que, de outra forma, poderiam ser direcionadas para a atividade empresarial.

Os altos preços das residências também reduzem a parcela de capital disponível para consumo, comprimindo ainda mais as margens corporativas.

“As expectativas para este mercado são simplesmente loucas”, afirmou David Gourlay, que vendeu uma casa em novembro por quase o dobro do preço de compra há sete anos.

Segundo o Wall Street Journal, o banco central do país acredita que o estímulo monetário precisa de permanecer em vigor, e o governo liberal federal também está a pensar em aplicar um novo estímulo fiscal.

Porém, Robert Asselin, vice-presidente de políticas do Conselho Empresarial do Canadá, um grupo de lobby, defende que os preços altos das casas são sido uma das consequências não intencionais da política fiscal agressiva do Governo.

O economista sugere que o Estado passe do estímulo para medidas que atraiam o investimento empresarial. “A economia precisa de investimentos produtivos”, frisa.

Tiff Macklem, diretor do Banco do Canadá, afirmou no mês passado que havia primeiros sinais de “exuberância excessiva” no mercado imobiliário do país e que as autoridades iriam monitorizar as tendências de perto.

Por sua vez, um porta-voz do departamento de finanças do Canadá também garantiu que os funcionários estavam a controlar a “saúde e estabilidade” do mercado imobiliário.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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