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“CDS em risco de vida”. João Gonçalves Pereira vai deixar o Parlamento

Manuel De Almeida / Lusa

João Gonçalves Pereira, ao centro, na sede do CDS-PP, em Lisboa

O deputado centrista vai abandonar o cargo na Assembleia da República para se dedicar “de corpo e alma ao combate local”, mantendo-se como presidente da distrital de Lisboa e vereador na autarquia da capital.

“Saio do Parlamento, não abandono o CDS”, escreveu, esta quinta-feira, numa nota enviada à agência Lusa, João Gonçalves Pereira.

O deputado centrista referiu que vai abandonar o cargo de deputado a 31 de março, mas vai manter-se como presidente da distrital de Lisboa e vereador sem pelouro no município da capital.

Na mesma nota, Gonçalves Pereira referiu que “num ano em que o CDS está, mais do que nunca, em risco de vida”, pretende dedicar-se “de corpo e alma ao combate local”.

“Sou autarca há mais de 20 anos e é ao meu mandato como vereador e às minhas responsabilidades como líder distrital que vou dedicar o meu tempo. Estamos em ano de autárquicas e entendi que não poderia ser de outra maneira. Aqui em Lisboa partimos da enorme responsabilidade de um resultado de 21% e é preciso trabalhar muito para lhe fazer justiça este ano“, prosseguiu o deputado.

O centrista referiu ainda que vai “aproveitar este tempo para também estar mais presente em casa” e que esta foi a “razão que mais pesou na decisão de virar uma página”.

Gonçalves Pereira acrescentou que vai “manter uma relação de amizade e trabalho com o grupo parlamentar” e saudou os dois líderes parlamentares do partido durante este mandato, Cecília Meireles e Telmo Correia, “com um abraço grato pela sua ajuda e imensa qualidade”.

“Não quero mostrar apego a lugares ou a estatutos. Gostei genuinamente do que fiz. Estou, até, a terminar um livro sobre uma das áreas que acompanhei em comissão parlamentar, o impacto do 5G nas nossas vidas e economias, e será publicado em breve. Devo muito a este tempo na Assembleia e planeio fazer justiça a esse tempo mesmo já não estando presente todos os dias. Contribuir para o debate do 5G em Portugal é uma forma de o fazer no futuro. Vai mudar tudo”, considerou.

Pedro Morais Soares, presidente da União das Freguesias de Cascais e Estoril, deputado à Assembleia da República durante a XII legislatura e antigo secretário-geral do partido durante a liderança de Assunção Cristas, é o nome seguinte na lista de candidatos que o CDS apresentou por Lisboa às eleições legislativas.

Se este não aceitar, os nomes que se seguem são Isabel Galriça Neto, ex-deputada, e Sebastião Bugalho, ex-jornalista e comentador político.

João Gonçalves Pereira substituiu Assunção Cristas no Parlamento no final de janeiro de 2020. Era coordenador do grupo parlamentar nas comissões de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, de Defesa Nacional e de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território.

“CDS está, mais do que nunca, em risco de vida”

Segundo o semanário Expresso, a saída de Gonçalves Pereira não foi discutida com a liderança do partido, da qual o deputado tem sido muito crítico.

O centrista esteve mesmo ao lado de Adolfo Mesquita Nunes no Conselho Nacional de fevereiro, onde defendeu que ainda havia tempo de “virar a página” com o novo candidato à liderança.

De acordo com o mesmo jornal, o Conselho Nacional do partido volta a reunir-se este sábado, para discutir e aprovar o regulamento autárquico, no qual Mesquita Nunes vai aproveitar para pedir uma definição de metas para as próximas eleições.

“Após a aprovação da moção de confiança deixei claro que as autárquicas seriam a prioridade e que tudo faria para que o resultado do CDS fosse positivo, ou seja, para termos mais candidatos, mais eleitos e mais câmaras do que há quatro anos”, disse ao Expresso.

Para o adversário direto de Rodrigues dos Santos, qualquer um destes objetivos é “perfeitamente alcançável”, não só pelo “excelente trabalho dos atuais autarcas” do CDS, mas também porque os chamados “críticos” vão participar ativamente neste trabalho.

Tal como já foi noticiado, João Almeida deverá ser o cabeça de lista de uma coligação CDS/PSD em São João da Madeira e o próprio Mesquita Nunes, que há quatro anos encabeçou a lista na Covilhã (e teve melhor resultado do que o PSD), deverá agora fazer parte de uma coligação alargada com os sociais-democratas e independentes no mesmo concelho.

O jornal adianta que Nuno Melo também se vai manter como candidato à Assembleia Municipal de Famalicão, tal como há quatro anos, e que Luís Pedro Mota Soares faça o mesmo em Cascais.

ZAP // Lusa

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