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Trinta anos depois, MI6 pede desculpa por ter banido espiões gays

(cv)

Richard Moore, chefe do MI6.

Richard Moore pediu desculpa ” pela forma como colegas e concidadãos LGBT+ foram tratados”, tendo-lhes sido negada a oportunidade de servir o país no MI6.

O chefe do MI6, o serviço secreto de inteligência do Reino Unido, pediu desculpas pelo banimento “equivocado, injusto e discriminatório” de espiões gays, 30 anos depois de a restrição ter sido suspensa. Richard Moore fez o pedido público de desculpas, na semana passada, através da sua conta no Twitter.

“Marcando o aniversário de 30 anos da suspensão da proibição de funcionários LGBT+ em agências de inteligência em 1991, peço desculpas em nome do MI6 pela forma como colegas e concidadãos LGBT+ foram tratados e expresso o meu pesar por todos cujas vidas foram afetadas”, lê-se na publicação divulgada.

Embora as relações entre pessoas do mesmo sexo tenham sido descriminalizadas no Reino Unido em 1967, só em 1991 é que o MI6 pôs um fim à proibição de agentes LGBT.

“Por causa dessa política […] pessoas leais e patrióticas viram os seus sonhos de servir o seu país no MI6 destruídos”, disse Moore, citado pelo The Telegraph.

Nas entrevistas de verificação de segurança para funcionários do MI6 ainda são questionadas as preferências sexuais. No entanto, estas informações são apenas usadas para entender melhor os relacionamentos íntimos do indivíduo, assegura o jornal britânico.

Especialistas em segurança reconhecem que as práticas sexuais não têm mais o potencial de chantagem nos países ocidentais que tinham no passado.

O mais conhecido caso de um agente afetado pela proibição de espiões gays foi o caso de Alan Turing. O matemático britânico é amplamente considerado o pai da ciência da computação teórica e da Inteligência Artificial. Foi responsável pela criação da Máquina de Turing, um modelo abstrato de um computador.

Turing também se envolveu na construção de máquinas físicas para quebrar os códigos secretos das comunicações alemãs durante a Segunda Guerra Mundial. Estima-se que o seu trabalho encurtou a guerra na Europa em mais de dois anos e salvou mais de 14 milhões de vidas.

Apesar disso, Turing nunca foi totalmente reconhecido em seu país de origem durante sua vida por ser homossexual. Acabaria por cometer suicídio em 1954 e apenas recebeu um perdão real em 2009.

A sua história é retratada no filme “O Jogo da Imitação”, de 2014, que recebeu o Óscar para Melhor Guião Adaptado e foi indicado para o Óscar de Melhor Filme. Alan Turing é interpretado pelo ator Benedict Cumberbatch, que esteve nomeado para o Óscar de Melhor Ator.

Daniel Costa, ZAP //

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