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Pelo menos oito mortos após golpe de Estado em Myanmar. ONG pedem embargo ao fornecimento de armas

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Jeon Heon-Kyun / EPA

Pelo menos oito pessoas morreram em Myanmar, como resultado da violência desencadeada após o golpe de Estado realizado pelos militares a 1 de fevereiro, segundo a Associação de Assistência aos Prisioneiros Políticos (AAPP).

Até agora, o número oficial é de três mortos como resultado direto da repressão policial aos protestos, mas a AAPP também conta o caso de um homem de 26 anos que morreu sob custódia e quatro outros após confrontos entre apoiantes dos militares e manifestantes.

A primeira vítima, uma mulher de 20 anos, foi baleada na cabeça a 9 de fevereiro durante uma manifestação na capital e morreu dez dias depois no hospital.

Dois rapazes, um dos quais com 16 anos de idade, morreram a 20 de fevereiro, devido a ferimentos de bala infligidos pelas autoridades enquanto se manifestavam em Mandalay contra o golpe de estado.

Outro manifestante, com 26 anos, morreu a 24 de fevereiro, depois de não ter recebido tratamento médico por uma ferida de bala no joelho e após ter sido detido pelas autoridades durante um protesto em Mandalay, quatro dias antes.

Além disso, quatro outras pessoas morreram entre 8 e 20 de fevereiro em confrontos noturnos entre apoiantes dos militares e manifestantes que protestavam contra o golpe, quer por espancamento, quer por atropelamento, quer com armas.

Desde o golpe, milhares de pessoas têm saído às ruas quase diariamente por todo o país para exigir que os militares devolvam o poder aos políticos eleitos, bem como a libertação da líder, Aung San Suu Kyi, e de outros detidos pelos militares.

Segundo a AAPP, 728 pessoas foram detidas desde a revolta, incluindo 62 que foram libertadas mais tarde.

A resposta da polícia gerou uma onda de indignação internacional, incluindo do secretário-geral da ONU, António Guterres, da União Europeia e dos países do G7.

O exército justificou a tomada do poder com uma alegada fraude eleitoral nas eleições de novembro, durante as quais os observadores internacionais não detetaram qualquer manipulação.

Apesar da realização de eleições e do processo iniciado em 2011 na Birmânia rumo a uma “democracia disciplinada”, como lhe chama o exército – que governou o país com mão de ferro de 1962 a 2011 -, o comando militar manteve ainda um amplo controlo do país a nível político e económico.

Mais de 130 organizações não-governamentais (ONG) de 31 países pediram ao Conselho de Segurança das Nações Unidas um embargo urgente de armas a Myanmar (antiga Birmânia) “para dissuadir novos abusos por parte da junta [militar]”.

“Os governos que permitem a entrada de armas em Myanmar – incluindo a China, Índia, Israel, Coreia do Norte, Filipinas, Rússia e Ucrânia – devem suspender imediatamente o fornecimento de armas, munições e equipamento associado”, acrescentaram.

De acordo com a RTP, entre os países mencionados, têm assento no Conselho de Segurança a China e a Rússia (dois países com direito de veto), bem como a Índia, membro não permanente desde janeiro.

“Dadas as atrocidades em massa contra os rohingyas, décadas de crimes de guerra e o derrube do governo eleito, o mínimo que o Conselho de Segurança da ONU pode fazer é impor um embargo global de armas a Myanmar”, defendeu o diretor da ONG Human Rights Watch, Kenneth Roth.

O Conselho de Segurança da ONU “deveria também impor sanções específicas, proibições de viagens e congelamento de bens aos líderes da junta“, sustentaram os signatários da carta.

Os Estados Unidos impuseram na segunda-feira sanções contra dois membros da junta militar de Myanmar (antiga Birmânia), que se juntam a dez militares anteriormente sancionados por Washington.

A rede social Facebook anunciou esta quinta-feira o bloqueio de todos os perfis ligados ao Exército da Birmânia.

A Junta Militar disse que vai manter-se no poder durante um ano, antes da realização de um novo ato eleitoral.

ZAP // Lusa

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