O Ministério da Saúde está a preparar um plano de retoma da atividade cirúrgica na área oncológica para recuperar as cirurgias que não se realizaram na sequência da suspensão da atividade não urgente e prioritária. Em dezembro, 30% dos inscritos para cirurgia eram doentes oncológicos.
Embora os três Institutos Portugueses do Oncologia (IPO) não tenham sido abrangidos pelo despacho, mas “antecipando a importância de ter um plano de recuperação de atividade nesta área”, o Ministério da Saúde promoveu uma reunião de trabalho para delinear um plano para minimizar os efeitos da suspensão sobre a cirurgia oncológica.
Marta Temido referiu que estavam inscritos em dezembro em lista de espera mais de 5000 doentes, dos quais 30% nos IPO.
O SNS realizou menos 1,2 milhões de consultas hospitalares e menos 126 mil cirurgias em 2020 comparando com a atividade realizada no ano anterior. Já nos centros de saúde realizaram-se mais cerca de um milhão de consultas, mas à custa do crescimento das consultas não presenciais.
A ministra frisou que houve uma articulação entre os hospitais gerais e os IPO “para resolução das situações clínicas oncológicas mais inadiáveis”, mas lembrou que estas unidades também têm listas de espera próprias.
Para amenizar a situação, o Programa Nacional para as Doenças Oncológicas está a elaborar “estratégias imediatas para abordar a cirurgia oncológica”.
“Desde logo, a manutenção da realização de cirurgia oncológica até ao nível 3 dos planos de contingência hospitalares, sempre que haja condições para a separação de circuitos, a proteção da capacidade cirúrgica de especial complexidade técnica – cirurgia hepática e pancreática, sarcomas ósseos, neurocirurgia, onco-oftalmologia -, a definição de unidades hospitalares com camas de cuidados intensivos dedicadas e reservadas para os pós-operatórios desta área“, disse a responsável da Tutela.
Temido realça que o programa “pretende ainda que possam funcionar clusters regionais de hospitais com atividade nesta área de forma a ajudar nesta resposta, que precisamos de acelerar nos próximos meses”.
“As regiões de Lisboa e do Vale do Tejo, bem como a região do Algarve, eram as que tinham mais situações de inscritos para além dos Tempos Máximos de Resposta Garantidos e, portanto, são aquelas que irão ter a nossa maior preocupação”, afirmou a governante na Comissão de Saúde, em resposta a questões levantadas por deputados.
Ainda sobre a atividade não covid-19, adiantou que “os centros de saúde, hospitais e unidades de cuidados continuados integrados e também a rede de paliativos tiveram a resiliência suficiente para ao longo do ano de 2020, nos períodos em que a pandemia foi menos intensa, melhorarem os níveis de resposta”.
Contudo, assinalou, “muito ficou por fazer, mas isso vai ser continuado em 2021”.