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Molécula extraída do açafrão-bastardo pode ser eficaz contra a covid-19

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Açafrão bastardoAnunciado como “o único medicamento oral eficaz” para o tratamento de pacientes com covid-19 que não estão hospitalizados, a colquicina surge como uma nova esperança que poderia ser determinante para aliviar a pressão sobre os hospitais. E o melhor é que é uma droga barata que é extraída da flor do açafrão-bastardo.

Este “grande avanço científico para tratar a covid-19″ foi anunciado pelo Instituto de Cardiologia de Montreal (MHI na sigla original em Inglês), no Canadá, que liderou uma investigação que testou a eficácia da colquicina em doentes com a infecção que não se encontravam hospitalizados.

Esta molécula que é extraída das plantas Colchicum autumnale, conhecidas por açafrão-do-prado, açafrão de Outono ou açafrão-bastardo, “reduziu em 21% os riscos de morte ou de hospitalização em pacientes com covid-19 em comparação com o placebo” usado nos testes clínicos, segundo avança o MHI em comunicado.

A “colquicina é o único medicamento oral eficaz para o tratamento de pacientes não hospitalizados”, conclui o Instituto de Cardiologia canadiano que fala de uma “importante descoberta científica”.

Contudo, o estudo já publicado, ainda não foi alvo de revisão científica.

Colquicina é um potente veneno

A colquicina é extraída do chamado açafrão-bastardo, assim denominado por ser altamente tóxico. Nos Antigos Egipto e Grécia era usado como um potente veneno, embora também tivesse aplicações medicinais.

De resto, o gado, por instinto natural de sobrevivência, nem sequer toca nas plantas do açafrão-bastardo. Portanto, não deve ser usado como condimento, nem ingerido directamente como medicamento, pois é altamente venenoso.

Na Península Ibérica, existe a espécie açafrão-bravo ou pé-de-burro (Crocus serotinus) que pode ser usada como aromatizante e corante de alimentos. Já a especiaria que conhecemos como açafrão provém da espécie Crocus sativus.

O que diferencia as espécies é o número de estames em cada flor – o açafrão-bastardo tem seis, enquanto o açafrão-bravo tem apenas três, por exemplo.

Desde a Antiguidade, o açafrão-bastardo tem sido usado para tratar certas maleitas devido às suas propriedades anti-inflamatórias. É utilizado desde 1980 no tratamento da gota e também tem sido usado como tratamento acessório em alguns casos de doenças cardíacas.

Nos últimos anos, têm sido feitos estudos científicos para avaliar a sua eficácia em casos de cancro.

“Primeiro medicamento oral em todo o mundo que poderia prevenir complicações da covid-19”

Na investigação agora realizada com pacientes de covid-19, estudou-se uma população de 4488 doentes de Canadá, EUA, Espanha, Grécia, Brasil e África do Sul. Os pacientes não estavam hospitalizados e tinham, pelo menos, um dos factores de risco para complicações por causa da infecção provocada pelo coronavírus.

Os resultados revelam que “o uso da colquicina foi associado com reduções estatisticamente significativas nos riscos de morte ou de hospitalização” em comparação com o placebo utilizado, afiança o MHI.

De acordo com os dados, a molécula do açafrão-bastardo “reduziu as hospitalizações em 25%, a necessidade de ventilação mecânica em 50% e as mortes em 44%”.

O Instituto de Cardiologia conclui, assim, que a “colquicina é o único medicamento oral eficaz para o tratamento de pacientes [com covid-19] não hospitalizados”.

“A nossa pesquisa mostra a eficácia do tratamento com colquicina na prevenção do fenómeno da “tempestade de citocinas” e reduzindo as complicações associadas com a covid-19″, aponta o investigador que liderou o estudo, Jean-Claude Tardif, director do Centro de Pesquisa do MHI e professor de Medicina.

Além disso, é “o primeiro medicamento oral em todo o mundo cujo uso poderia ter um impacto significativo na saúde pública e potencialmente prevenir as complicações de covid-19 em milhões de pacientes”, salienta.

O facto de poder evitar o desenvolvimento de formas graves da doença poderia “aliviar os problemas de congestão dos hospitais e reduzir os custos de saúde” em todo o mundo, afiançam ainda os investigadores.

O estudo coordenado pelo instituto canadiano contou com fundos de programas governamentais do Canadá e dos EUA e também da Fundação Bill & Melinda Gates, sendo, até agora, “o maior estudo do mundo a testar um medicamento administrado por via oral em pacientes não hospitalizados com covid-19”, afiança ainda o MHI.

Contudo, estas conclusões estão a ser encaradas com alguma cautela. Aguardam-se as conclusões da revisão científica e a divulgação de mais dados dos testes, uma vez que a informação disponibilizada no site dedicado à investigação é ainda muito reduzida.

Entretanto, um artigo científico publicado em Dezembro passado no jornal científico Plos One, também assinado por investigadores do MHI incluindo Jean-Claude Tardif, concluiu que “a colquicina é um medicamento de baixo custo, amplamente disponível, e eficiente no tratamento de condições inflamatórias“.

O uso da substância em ratos com lesão pulmonar aguda reduziu a área da lesão em 61%, além de reduzir o edema pulmonar e de melhorar “notadamente” a oxigenação sanguínea, constatam os autores desta investigação.

 

Susana Valente, ZAP //

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2 Comments

  1. maravilhoso….mas ico abismado…..as entidades envolvidas sao crediveis…fundaçao bill gates instituos do canada, eua, etc o que falta para se avançar com tanta dor no mundo? Autorizaçao das farmaceuticas?

  2. Se é barato não deve servir para encher os bolsos aos laboratórios e seus lacaios, à partida deverá estar condenado ao esquecimento, no entanto, é da natureza que saem quase sempre as soluções para os males humanos, mas estes parecem andar em guerra aberta com ela!

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